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Entenda a situação dos cristãos na Nigéria

Casos de violência extrema começam a ganhar repercussão e nigerianos clamam por ajuda
Portas Abertas • 27 out 2025
Em meio a violência, perseguição, necessidades e medos, cristãos nigerianos precisam de ajuda (foto representativa)

Com a crescente atenção que a Nigéria vem recebendo na mídia e nas redes sociais, muitas dúvidas surgiram sobre as causas e o impacto da violência, quem é responsável e por que os cristãos são tão afetados.  

Nós reunimos as perguntas mais comuns com respostas de fontes verificadas da Portas Abertas, trazendo informações claras e precisas para ajudar a entender o caso. 

O que está acontecendo na Nigéria e por que os cristãos são perseguidos? 

Diversos grupos militantes islâmicos estabeleceram uma forte presença na região, especialmente ao norte do país. Entre esses grupos está o Boko Haram e o Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP, na sigla em inglês). Ambos os grupos têm ideologias radicais sobre a construção de um Estado islâmico. Recentemente, outros grupos extremistas islâmicos menos conhecidos também começaram a operar em novas áreas, incluindo o Sul da Nigéria. Algumas dessas organizações são independentes e outras são ligadas à Al-Qaeda.  

Além disso, radicais islâmicos entre a etnia fulani levaram destruição à região central do país, que tem presença cristã predominante. Esses extremistas entre os membros da etnia fulani são responsáveis por 55% da violência contra cristãos registrada entre 2019 e 2023. Todos os grupos citados atacaram a região central, matando milhares todos os anos e deslocando milhões de suas casas. Os sobreviventes dos ataques passam a viver em péssimas condições em campos de deslocados internos. 

Quem são os grupos extremistas responsáveis pelos ataques na Nigéria?

Os perseguidores se dividem em três grupos: Boko Haram, ISWAP e os radicais entre o povo fulani.

Boko Haram: Um grupo extremista que tem, nos últimos anos, realizado uma campanha sistemática contra o Estado nigeriano, alvejando, especificamente cristãos, com ideologias, retóricas e ações com a intenção de estabelecer um Estado islâmico. O Boko Haram foi organizado para cumprir a jihad, a guerra santa do islamismo, que pressupõe a imposição da religião muçulmana a todo custo. O grupo tem causado estragos na Nigéria por meio de ondas de bombardeios, assassinatos e sequestros.

ISWAP: O grupo é uma facção afiliada ao Estado Islâmico, que dominou países como Síria e Iraque em 2014. Essa ramificação atua no Oeste Africano em países como Burkina Faso, Camarões, Chade, Mali, Níger e Nigéria. O objetivo do ISWAP é o mesmo do Estado Islâmico: estabelecer um Estado governado de acordo com a interpretação radical da sharia – conjunto de leis islâmicas. O líder desse governo é o califa e seria o representante de Alá na terra, por isso todos os demais países muçulmanos devem obedecê-lo. Para que esse plano aconteça, os jihadistas utilizam a violência para eliminar todos que são considerados infiéis, ou seja, os não muçulmanos que, segundo os jihadistas, desejam impedir a dominação do islã no mundo. De acordo com suas crenças, a batalha com os governos locais faz parte dos confrontos do final dos tempos, descritos nas profecias apocalípticas da religião.

Extremistas Fulani: Entre a etnia fulani, o maior grupo nômade do mundo, existem extremistas islâmicos que atuam sobretudo em vilarejos cristãos na região do Cinturão Médio da Nigéria. Confrontos entre diferentes grupos fulani, que tradicionalmente são criadores de gado e agricultores, têm matado milhares de pessoas na Nigéria nas últimas décadas. É difícil generalizar qualquer coisa relacionada aos fulani porque, na maioria dos casos, eles nem mesmo se conhecem e cuidam de suas atividades de forma independente. Não há evidência de que extremistas fulani possuam um objetivo político. Como também não são um grupo unificado, é difícil para as autoridades formularem um plano para acabar com os conflitos. É importante ressaltar que não são todos os fulani que compactuam com a violência dos radicais.

Onde a violência contra cristãos está acontecendo na Nigéria? 

O nível de violência não é o mesmo em todas as regiões da Nigéria. As mais afetadas são as regiões nordeste, noroeste e centro-norte. Recentemente, os ataques também começaram mais ao sul, área de maioria cristã. 

Esse é um conflito religioso? 

Sim, mas a religião não é o único motivo. Uma grande motivação é o poder, pois os extremistas querem controle total sobre as terras e as pessoas. Outro fator é a pobreza, se alguém não tem nada, fica mais suscetível à radicalização. Para os fulani, a falta de recursos devido às mudanças climáticas fez com que eles migrassem para o Sul do país em busca de terras férteis para seus rebanhos, onde os cristãos têm a maioria das terras cultivadas. Como alguns dos fulani são adeptos de ideologias islâmicas radicais, eles veem os cristãos como infiéis e atacam suas terras.   

Os cristãos são alvo?  

Apesar dessa ideia ser contestada, as estatísticas mostram um padrão claro. O Boko Haram e o ISWAP já declararam diversas vezes que os cristãos são seus alvos. Muitas vítimas já disseram que, quando os extremistas da etnia atacam, eles não gritam apenas “Allahu Akbar”, mas também “nós vamos destruir todos os cristãos”.  

De acordo com o Observatório da Liberdade Religiosa na África, dados de civis mortos (exceto em ações militares e ataques terroristas) mostram que mais cristãos são mortos por extremistas do que muçulmanos. Se alguém é cristão, tem 6,5 vezes mais chances de ser morto do que um muçulmano, e 5,1 vezes mais chances de ser sequestrado. Isso não quer dizer que o sofrimento dos muçulmanos é menor, apenas que é menos frequente. 

O que torna o assunto mais complexo é o problema com criminosos no Norte do país. Sequestros são um grande negócio, que financia a expansão de grupos terroristas. Cerca de 20 mil pessoas foram sequestradas entre 2019 e 2023. Muitos dos criminosos sequestram qualquer um capaz de pagar um resgate, mas perceberam que os cristãos, especialmente seus líderes, costumam atrair maiores quantias no resgate.  

A violência contra cristãos está acontecendo apenas na Nigéria? 

Não, a violência dos radicais islâmicos não se restringe à Nigéria. Ela está se espalhando por muitos países da África Subsaariana. Militantes e outras organizações criminosas menores estão explorando os conflitos, a insegurança e a pobreza em países como Sudão, Níger, Burkina Faso, República Democrática do Congo e Moçambique

Há diferentes motivos para os ataques, mas a ideologia extremista islâmica de assumir o controle de regiões inteiras da África e perseguir aqueles que não seguem seus ideais e crenças é uma das principais causas. 

O que dizem as vítimas cristãs na Nigéria? 

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É verdade que a mídia está ignorando os casos de violência na Nigéria? 

O assunto vem ganhando relevância recentemente, mas muitos veículos ainda divulgam a mesma narrativa do governo nigeriano, dizendo que os ataques não são religiosos ou que se tratam de conflitos entre agricultores, mesmo que haja uso de rifles, metralhadoras e granadas. 

O governo nigeriano está prendendo os agressores? 

Membros do Boko Haram e do ISWAP já estão sendo presos, mas o mesmo ainda não acontece com extremistas islâmicos entre os fulani. Os mais afetados pela violência não acreditam que os responsáveis vão pagar por seus crimes, isso porque centenas de suspeitos foram presos ao longo dos anos, mas a maioria já foi solta sem julgamento. 

O que o governo nigeriano deveria fazer? 

A Portas Abertas encoraja o governo nigeriano a tomar uma atitude imediata, levando ajuda humanitária urgente e adequada às comunidades afetadas pela violência, colocando em prática um plano que garanta a segurança dos nigerianos e levando os agressores à justiça. 

O que a Portas Abertas faz para apoiar os cristãos perseguidos na Nigéria? 

Em 2023, a Portas Abertas lançou a campanha global Desperta África, contra a violência e a perseguição na África Subsaariana. Essa campanha veio como uma resposta ao clamor da igreja local por apoio e para que o mundo soubesse o que está acontecendo. Além de levantar fundos para ajudar aqueles que mais precisam, também há uma petição global para influenciar governos e instituições internacionais a agirem em favor das vítimas.  

Como posso ajudar os cristãos perseguidos na África Subsaariana? 

Chegou a hora de erguer sua voz para que esse ciclo de violência tenha um fim. Assine a petição Desperta África pelo fim da violência e início da cura. Você também pode doar para fortalecer os cristãos locais, levando ajuda emergencial para suprir suas necessidades mais urgentes. 

Um mulher olha para frente vestida com uma bata e turbante rosa com partes azuis e um lenço amarelo em volta de seu colo. No fundo marrom, lê-se "pelo fim da violência na África Subsaariana" e o botão em laranja "Assine a petição"