Portas Abertas • 15 mar 2021
A guerra causou uma destruição massiva em muitos lugares na Síria, como na cidade de Alepo
Mais de meio milhão de pessoas mortas, mais de seis milhões de refugiados sírios espalhados pelo mundo e mais de seis milhões de deslocados no país. Esse é o preço dos dez anos de guerra na Síria. Essa guerra que realmente ninguém esperava resultou em uma enorme perda humana, além de destruição e colapso da economia síria. A guerra completou uma década em 15 de março de 2021.
Tudo começou com a chamada Primavera Árabe. Esse movimento, que começou no final de 2010 e início de 2011, ganhou atenção nas manchetes de todo o mundo. Ele consistiu em ondas de protestos que começaram na Tunísia e logo se espalharam por outros países no Norte da África. No Egito, Líbia e Iêmen, as pessoas foram para as ruas exigindo uma mudança política.
Como resultado, diversos governos caíram. Presidentes no poder há muito tempo, como Zine El Abidine Ben Ali, na Tunísia, Hosni Mubarak, no Egito, e Ali Abdullah Saleh, no Iêmen, tiveram que deixar seus cargos. Muammar Gaddafi, governante da Líbia, foi morto após meses de conflito no país. Já em Bahrein, Marrocos, Iraque, Argélia, Líbano, Jordânia, Kuwait, Omã e Sudão, as pessoas também foram às ruas, mas isso não resultou em grandes mudanças no estágio inicial.
Em janeiro de 2011, a Síria ainda era um país pacífico. O presidente Bashar al Assad deu uma entrevista para o Wallstreet Journal em que disse: “Para fazer uma comparação entre o que acontece no Egito e na Síria, é preciso olhar de um ponto de vista diferente: ‘Por que a Síria é estável, embora tenhamos condições mais difíceis?’ O Egito é apoiado financeiramente pelos Estados Unidos, enquanto nós estamos sob embargo da maioria dos países do mundo. Nós crescemos embora não tenhamos muito do básico necessário para o povo. Apesar de tudo, as pessoas não começaram uma revolta”. Como o presidente, quase ninguém esperava que a Primavera Árabe também abalaria o poder do governo Assad na Síria.
Uma das cidades muito afetadas pela violência da guerra foi Alepo, de onde muitos cristãos acabaram saindo
No dia 6 de março de 2011, um grupo, principalmente de adolescentes sírios, pichou paredes na cidade de Daraa. Uma das frases dizia: “O povo quer derrubar o regime”, slogan da Primavera Árabe. Mais de uma dúzia de adolescentes foram presos e, de acordo com as pessoas, eles foram torturados. Essa foi a faísca que levou aos protestos nas ruas da cidade. Em 18 de março, três manifestantes foram alvejados durante protestos. Cinco dias depois, o exército sírio atacou a cidade, matando dúzias de pessoas. Esse foi o início do que levaria à guerra síria. Dessa forma, protestos e violência se espalharam pelo país.
A guerra deixou muitos rastros de destruição, como a casa do cristão Mourad, que foi danificada após um bombardeio na cidade
Dez anos depois, a guerra ainda não acabou. A área ao redor de Idlib ainda é controlada por forças opositoras e o governo as chama de terroristas. Frequentemente, células do Estado Islâmico e de outros grupos extremistas aumentam o número de mortos. Na guerra, ao menos meio milhão de pessoas foram mortas, entre soldados, rebeldes e civis. Os primeiros anos da guerra transformaram os subúrbios de Damasco, Homs e Alepo em campos de batalha. Isso levou a um massivo desabrigamento, destruição de vilas e cidades.
Muitas famílias sírias deixaram o país em busca de segurança. Assim como Khaled, diversas crianças sírias vivem como refugiadas no Líbano
Mesmo com a ação militar sendo limitada a certas áreas, a guerra levou a uma crise econômica. Mais de 85% dos sírios agora vivem na pobreza. Depois de todos esses anos de guerra, a falta de empregos e as sanções internacionais levaram o país a uma profunda depressão econômica. Recentemente, o país experimentou ainda um aumento nos preços de todos os produtos de consumo necessários, incluindo alimentos básicos, detergentes, roupas e combustível para manter as pessoas aquecidas no inverno.
Apesar do amor pelo país, essa crise resultou em um êxodo dos cristãos sírios. Em todo o país, a igreja se viu no meio da guerra ao longo dos anos. Principalmente nas áreas onde extremistas ganham controle, por não estarem seguros, a maioria dos cristãos fugiu do país. Por causa disso, o número de cristãos caiu dramaticamente de 2 milhões, em 2011, para menos de 700 mil agora. A geração mais jovem também tem deixado o país, com números mais altos entre os homens. Muitos deles estavam envolvidos ativamente nos ministérios das igrejas.
Independentemente das dificuldades enfrentadas nos últimos dez anos, a igreja na Síria está viva. Nela é possível ver cristãos de contexto muçulmano, yezidi ou druso. Elas continuam firmes em suas cidades e vilas, servindo como centros de esperança para muitos.
Saiba mais sobre os 10 anos de guerra na Síria e conheça o alcance do trabalho da Portas Abertas no país
A Portas Abertas já trabalhava na Síria por meio de igrejas locais e parceiros antes da guerra começar. O Irmão André, fundador da Portas Abertas, esteve na Síria em 2010 para uma conferência onde ministraria. Ele foi levado a falar sobre preparação para perseguição para líderes de igrejas. Isso provou ser uma mensagem profética já que alguns meses depois os protestos na Síria começaram e logo se transformaram em um conflito armado. Na verdade, muitos cristãos enfrentaram perseguição por parte dos extremistas.
Quando a guerra começou, a Portas Abertas respondeu rápido aos pedidos de ajuda dos parceiros locais. Com o desabrigamento de muitos cristãos, foram distribuídos pacotes de alimentos e itens essenciais para as pessoas mais necessitadas. Depois, teve início o investimento em projetos de geração de renda, para apoiar pessoas a gerarem sua própria renda.
Além disso, houve investimento no treinamento de líderes para as igrejas. Também foram distribuídas Bíblias e livros cristãos e, por meio dos trabalhos de advocacy, o governo viu o importante papel da igreja e das organizações religiosas no país. A Portas Abertas também continua parceira de igrejas sírias e buscando outras para abrir novos Centros de Esperança no país. Nesses locais, há o preparo de líderes, além do foco no trabalho com jovens e mulheres.
O pastor George compra pão em grande quantidade para distribuir aos necessitados como parte do ministério do Centro de Esperança em Qamishli
A guerra na Síria levou muitas famílias à pobreza. Devido à crise econômica, elas compram menos e comem menos. A Portas Abertas assiste famílias mensalmente para que tenham o mínimo para sobreviver. Com uma doação, você garante a sobrevivência de famílias que recebem cestas básicas nos Centros de Esperança por dois meses.
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