Hea-Woo é uma norte-coreana da terceira geração de cristãos na família, apesar de nunca ter ouvido falar de Jesus por sua mãe. No país, os cristãos são vistos como espiões do Sul; por isso, se descobertos, toda a família pode ser punida.
Após a morte do presidente Kim il-Sung, as porções diárias de comida pararam de ser distribuídas para a população e muitas pessoas começaram a morrer de fome – foi o que aconteceu com uma das filhas de Hea-Woo. Antes disso acontecer, ela lhe disse: “Eu e seu pai somos culpados disso estar acontecendo com você” e a filha disse: “Eu não culpo você, mas culpo o país. Não há esperança aqui. Não morra de fome como eu. Vá embora desse lugar sem futuro”. Essas foram suas últimas palavras. A confiança de Hea-Woo no governo se transformava cada vez mais em decepção.
Em 1996, o marido de Hea-Woo fugiu para a China. Um ano depois, o serviço de segurança informou a família sobre a fuga dele, o que implicava nele ser mandado de volta para a Coreia do Norte caso fosse encontrado no país vizinho. Durante seu tempo na China, ele conheceu um missionário e estudou a Bíblia com ele. Lá, serviu como líder de louvor em uma igreja frequentada principalmente por norte-coreanos. Porém, uma pessoa o denunciou e ele foi preso antes de ser mandado de volta para a Coreia do Norte. Na prisão, ele começou a falar de Jesus e dividia a comida com os presos.
Colocando a fé em Cristo
Certo dia, após ser transferido para uma prisão norte-coreana, os filhos foram visitá-lo na prisão. Como guardas entravam e saíam o tempo todo, o marido de Hea-Woo puxou a mão do filho por baixo da mesa e escreveu na palma de sua mão: “Creia em Jesus e ore a ele. Sempre que estiverem desanimados, passando fome ou tristes, orem a Jesus. Ele não é visível, mas ouve a oração de vocês e vai respondê-los. A única maneira de sobreviver neste país é crendo em Jesus e orando a ele”. Isso levou a família a colocar a fé em Cristo e a começar a orar a Deus.
“Eu reconheci o que é a verdade. A fé do meu marido me ajudou a enxergar isso. Depois disso, nós começamos a orar. Não sabíamos muito sobre a palavra de Deus, mas percebi que nem o ditador Kim il-Sung, nem o Partido Comunista poderiam nos salvar, somente a fé em Jesus Cristo. Coloquei minha confiança em Jesus e comecei a orar.”
Continuando o trabalho
Quando o marido de Hea-Woo foi executado, ela tomou a decisão de continuar o serviço a Deus que ele começou e decidiu fugir da Coreia do Norte também. Mas, durante suas tentativas, ela foi descoberta e mandada de volta. Primeiro, para uma prisão mista, onde foi interrogada e torturada durante muitos dias. Uma das prisioneiras contou aos guardas que Hea-Woo pregava a palavra de Deus dia e noite. Ela foi torturada muitas vezes e, em alguns momentos, teve medo de perder a consciência e negar a Jesus.
Ela orou e o Senhor lhe deu forças para suportar. “Eu ouvi uma voz que me dizia: ‘Pense no sofrimento de Jesus na cruz’. Essas imagens ficaram bem claras em minha mente e fui envolvida por elas”. Enquanto pensava no sofrimento de Jesus, Hea-Woo não sentiu nenhuma dor. Foi mandada de volta para a cela e lá ouviu uma voz do alto dizendo: “Minha filha amada, hoje você andou sobre as águas”. As outras mulheres não perceberam nada e Hea-Woo percebeu que Deus estava com ela em todos os momentos.
Ela passou por um total de 10 prisões até ser levada para um campo de trabalho forçado. Ela entendeu que deveria falar sobre Deus dentro do campo, mas não sabia como fazer isso. Deus lhe mostrou a quem falar e como anunciar a palavra. Como as pessoas podiam morrer a qualquer momento, elas recebiam bem o evangelho. Foi assim que elas começaram uma igreja secreta no campo.