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Em visita ao Líbano, Papa Bento XVI pede paz a radicais islâmicos

Portas Abertas • 17 set 2012

anti-eua
Na última sexta-feira (14), o Papa Bento XVI viajou ao Líbano, no Oriente Médio, em resposta aos atos de violência contra os ocidentais, que continuam a se espalhar por toda a região até à Ásia. O acontecimento se seguiu ao ataque contra o consulado dos Estados Unidos em Benghazi, na Líbia, que matou o embaixador americano Christopher Stevens e três de seus colegas norte-americanos.

A violência contra o consulado dos EUA na Líbia foi desencadeada, supostamente, pela descoberta de um filme anti-islâmico produzido nos Estados Unidos por alguém ligado a Morris Sadek, um cristão egípcio (denominado copta) que mora no país norte americano. A tradução do filme para o árabe, transmitido em estações de TV e talk shows do Oriente Médio provocou uma sucessão dos ataques em diversos países – embora investigações já estejam em curso, em Washington, para estabelecer se a violência não foi espontânea.

Comunidades coptas fugiram rapidamente dos lugares onde havia maiores retaliações de islâmicos. O intelectual e pesquisador egípcio Adel Guindy, presidente da Solidariedade Copta, disse que o filme é “”estúpido e revoltante”. E afirmou: “Não sabemos com certeza se Sadek tem alguma coisa a ver com o filme, mas se tiver, eu acho que ele aproveitou a oportunidade para provocar os muçulmanos no Egito, como de costume.””

Outros líderes cristãos também condenaram o filme. A Igreja Ortodoxa Copta emitiu uma declaração condenando o vídeo como “”abusivo”” ao profeta Maomé, “realizado por alguns coptas que vivem no estrangeiro””, e “”rejeitando tais atos que ofendem as crenças religiosas e todas as religiões.””

Muitos cristãos na região têm permanecido em silêncio, à espera dos próximos acontecimentos, enquanto o furor muçulmano cresce nas ruas.

“”Nós alertamos membros da igreja que, após a oração, foram planejadas manifestações em mesquitas, por isso seria melhor ficarmos em casa”” disse um cristão do Cairo à Portas Abertas.

Em meio a tudo isso, o Papa católico romano Bento XVI tem usado sua viagem ao Líbano para atender tanto a líderes cristãos quanto muçulmanos. Durante seus três dias lá, ele atendeu políticos e líderes de 18 grupos religiosos do país.

“”Todos os líderes religiosos no Oriente Médio devem se esforçar, pelo seu exemplo e seus ensinamentos, a fazer todo o possível para erradicar esta ameaça que, indiscriminadamente e fatalmente, afeta os crentes”, disse o líder cristão a jornalistas.
Bento XVI descreveu a primavera árabe como “”um desejo de mais democracia, mais liberdade, mais cooperação e de uma identidade””. Disse ainda a Suleiman, presidente libanês, que estava visitando o país como um “”peregrino da paz””.

A origem dos acontecimentos
Na última terça-feira (11), um grupo de homens armados incendiou o consulado dos EUA em Benghazi, na Líbia, em um ataque que matou o embaixador americano Christopher Stevens e feriu outro três funcionários. O episódio ocorreu apenas algumas horas após um ataque similar contra a embaixada dos EUA no Cairo. Acredita-se que ambos os atos de violência – que ocorreram no dia do aniversário das Torres Gêmeas em Nova York – estão ligados ao escândalo provocado por um filme produzido nos Estados Unidos, que zomba do profeta Maomé.


O vídeo foi produzido por um israelense-americano e liberado por um expatriado egípcio. Algumas sequências podem ser vistas no Youtube. Entre os defensores do filme, está o pastor Terry Jones, que em 2010 provocou uma revolta no Afeganistão após ameaçar queimar o Alcorão, livro sagrado islâmico.


Segundo a agência de notícias BBC, “os comentários mais ofensivos sobre o islã e sobre o profeta Maomé foram claramente dublados posteriormente sobre a trilha sonora e não foram falados pelos atores. Uma atriz que aparece no filme diz que não tinha ideia de que seria usada para propaganda anti-islâmica e afirmou que a condenava”.

O ataque à embaixada dos EUA no Cairo foi, explicitamente, ligado ao filme, considerado uma blasfêmia ao Islã. Centenas, se não milhares de egípcios, bloquearam a entrada da embaixada, escalaram a parede e rasgaram a bandeira dos EUA, queimando-a em pedaços. Os manifestantes exigiram que o filme fosse proibido e que os Estados Unidos se desculpassem pelo ato.


Os autores dos ataques ainda são desconhecidos. Alguns sugerem a influência da Al Qaeda, outros, a grupos ainda leais a Gaddafi. Em muitos países islâmicos aconteceram manifestações contrárias ao filme, em frente à embaixada dos EUA. Na quinta-feira (13), no Egito, 224 manifestantes foram feridos e 23 pessoas foram detidas. No Iêmen, quatro pessoas foram mortas e 34 ficaram feridas. No Afeganistão, Paquistão, Indonésia o site do Youtube foi bloqueado. Líderes muçulmanos condenam o filme e incitam a violência anti-EUA.