A comunhão na comunidade

Portas Abertas • 7 set 2008


Comunhão na comunidade seria uma redundância? Observemos o significado dessas duas palavras:

Comunhão: ato ou efeito de comungar; ação de fazer alguma coisa em comum ou o efeito dessa ação; sintonia de sentimentos, de modo de pensar, agir ou sentir; identificação; co-participação, união, ligação.

Comunidade: estado ou qualidade das coisas materiais ou das noções abstratas comuns a diversos indivíduos; comunhão; concordância, concerto, harmonia; conjunto de indivíduos organizados num todo ou que manifestam, de maneira consciente, algum traço de união.

Partindo desses significados, é possível deduzir que não existe redundância quanto à comunhão na comunidade, elas se complementam, pois não existe comunidade sem comunhão e vice-versa. Mas na prática nem sempre se observa essa verdade. Contudo, para os muçulmanos, principalmente durante o período do ramadã, seu senso de comunidade é aflorado e a busca pela comunhão se intensifica.

As comunidades islâmicas durante o ramadã expressam a comunhão por meio de atitudes, pois como falou Maomé: “Aquele que praticou a caridade e o bem neste mês com seu semelhante, tem as devidas boas recompensas na vereda do Dia do Juízo Final”. Sendo assim, eles procuram viver profundamente a fraternidade e os valores familiares.

Todos os dias, eles fazem a ‘entrega’ do jejum com muita comida, bebida e festa, e não celebram somente com a família e amigos, mas também com os estrangeiros, os ‘não muçulmanos’ ou como alguns classificam: ‘infiéis’. Essa refeição especial é chamada ‘iftar’.

Durante esse mês, todos os países islâmicos se transformam com as festividades do iftar e com os enfeites que ornamentam as casas e prédios. Até mesmo os muçulmanos, considerados ‘nominais’, celebram esse período, tal sua importância na cultura islâmica.

Por sua vez, a Igreja de Cristo é a comunidade da fé, chamada para viver em comunhão com o seu próximo e com Deus, assim como João escreveu: “Se, porém, andarmos na luz, como eleestá na luz, temos comunhão uns com os outros” (I João 1.7a), e como os discípulos da Igreja Primitiva que “... se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações.” (Atos 2.42).

Nos dois versículos citados acima, ‘comunhão’ é a tradução da palavra grega ‘koinonia’ que também carrega em si a idéia de ‘associação’ e ‘participação’, uma estreita união e laços fraternais entre os homens. Para os filósofos da Grécia Antiga, era um ideal a ser buscado. Portanto, koinonia tem o sentido de “fraternidade” e é a expressão normal para a maneira de se constituir a vida social.

Contudo, especificamente em Atos 2.42, a palavra koinonia deve ser entendida como parte essencial da vida de adoração. Ela indica a unanimidade e unidade levada a efeito pelo Espírito. O indivíduo era completamente apoiado pela comunidade. A impressão é de que nesse contexto, o ideal grego da sociedade foi realizado.

Embora a prática da caridade seja requerida aos muçulmanos principalmente no mês do ramadã, é certo que os cristãos que vivem em países islâmicos são grandemente pressionados numa batalha espiritual intensa e muitos ainda correm o risco de perderem suas vidas, pois os extremistas muçulmanos acreditam que matar um ‘infiel’ no primeiro dia do ramadã garante a ele a vida eterna no paraíso.

Por isso, e principalmente porque a Palavra nos instrui, devemos viver em koinonia com nossos irmãos em Cristo e orar com eles e por eles. Devemos entrar na batalha espiritual a favor dos cristãos perseguidos para que possam ‘resistir no dia mal’ (cf. Efésios 6.13) e para que possam continuar glorificando a Deus com suas vidas, assim como também devemos fazer.

Por Desirée Froes Rocha

Referência bibliográfica

Colin Brown, Lothar Coenen (orgs.). Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: vida Nova, 2000.
http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm
http://www.mesquitadobras.org.br/texto.php?op=140
http://www.portasabertas.org.br/ramada/ramada.asp

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