A história da prisioneira 42

Cristã norte-coreana relata a realidade da prisão no país número 1 da Lista Mundial da Perseguição

Portas Abertas • 7 jan 2019


Na solitária, ela podia apenas orar e cantar em seu coração, nunca em voz alta (foto representativa)

Na solitária, ela podia apenas orar e cantar em seu coração, nunca em voz alta (foto representativa)

“A primeira coisa que tiraram de mim quando cheguei aqui foi meu nome de nascença”. É assim que uma cristã da Coreia do Norte descreve seu primeiro impacto ao chegar a um centro de detenção. Todos os dias, às 08h da manhã, eles chamavam o “prisioneiro 42”. “Então eu tinha que rastejar. Quando levantava, não podia olhar para os guardas. Tinha que levantar, colocar as mãos para trás e segui-los até a sala de interrogatório”, conta.

Todos os dias, por uma hora, eles faziam as mesmas perguntas: “Por que você foi para a China? Quem você encontrou lá? Você foi à igreja? Você tem uma Bíblia? Você conheceu algum sul-coreano? Você é cristã?” Apesar de ser cristã e amar a Jesus, ela negava tudo, pois se admitisse que teve ajuda de cristãos chineses seria morta.

Um dia, quando caminhava na rua na China, um carro parou perto dela e ela pensou que iam pedir informação. Mas eles a agarraram e a colocaram dentro do carro. “Quando a porta fechou e o carro saiu, percebi que minha vida tinha acabado”. Após algumas semanas em uma prisão chinesa, ela foi enviada às autoridades norte-coreanas, que a levaram ao centro de detenção. Na prisão, sua roupa foi rasgada para que pudessem revistar todo seu corpo. Eles rasparam todo seu cabelo, lhe deram outras roupas e a levaram para a cela.

A descoberta da fé

Eles batiam nela e a chutavam todos os dias. O que mais doía eram as pancadas no ouvido, que a faziam ficar com um zumbido no ouvido por horas, às vezes dias. No final do dia, ela voltava para a cela, que era quente durante o dia e fria durante a noite; e era tão pequena que ela mal podia deitar-se. De qualquer forma, não era permitido deitar-se por muito tempo; tinha que ficar sentada e com os punhos fechados, sem poder abrir.

“Eu estava na solitária porque eles achavam que eu acreditava em Deus. Mas meu avô, ele sim, acreditava em Deus. Aos domingos, ele sempre me mandava sair de casa e brincar do lado de fora. Eu não entendia por que e não queria sair, mas ele me forçava. Quando fugi para a China por causa da fome na Coreia do Norte, conheci outros cristãos e fui tocada por eles. Eles nunca falaram do evangelho, mas eu participava dos cultos com eles. Até que uma noite sonhei com meu avô. Eu o vi sentado com outros homens, com uma Bíblia no meio e todos orando. No sonho, eu gritava para ele: eu também sou cristã!” Até então ela pensava que era a primeira pessoa da família a seguir Jesus, mas foi aí que percebeu que era de uma família cristã.

Na solitária, ela podia ouvir as vozes de outros prisioneiros, mas nunca os via. Tudo o que podia fazer era orar e cantar em seu coração, nunca em voz alta. Um ano se passou e ela pensava que iria morrer naquela solitária. “Um dia eles vão me chamar e eu não vou me mover. Eles vão descartar o meu corpo e outro prisioneiro terá o número 42 e vestirá minhas roupas”, era o que pensava. (Essa história continua).

Conhece a Lista Mundial da Perseguição?

É um ranking elaborado a cada ano pela Portas Abertas Internacional, no qual são listados os 50 países onde a perseguição aos cristãos é mais severa. Este ano a Lista será lançada no dia 16 de janeiro. Não deixe de acompanhar e continuar orando pela Igreja Perseguida.

Abençoe cristãos norte-coreanos

Ao saber da realidade dos nossos irmãos da Coreia do Norte, podemos orar e mostrar nosso apoio de forma prática. Com sua doação, você pode levar até eles comida, medicamento e roupas. Ajude a saciar os cristãos norte-coreanos.

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