Portas Abertas • 5 mar 2020
Ore pela Eritreia, um país onde cristãos são mortos e presos de forma desumana
A Eritreia, país que ocupa a 6ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2020, enfrenta muitos desafios, entre eles pobreza e falta de segurança. A média de pressão sobre os cristãos no país está em um nível extremo de 15,3 pontos. Não há uma esfera da vida em que a pressão aos cristãos não esteja nesse nível. Ela é mais forte na nação e comunidade, refletindo que a política do governo é a principal reponsável pela pressão aos cristãos no país. Isso também revela que os cristãos enfrentam uma perseguição enorme no nível comunitário devido principalmente ao protecionismo denominacional. A pontuação para violência está em um nível muito alto, de 10,9, subindo de 9,4 referente ao ano anterior. Ainda há muitos cristãos definhando nas prisões por causa da fé. O paradeiro de alguns é desconhecido, não sabendo-se nem se permanecem vivos.
O número de refugiados eritreus na Etiópia, Sudão, Quênia e outros países indica claramente a insatisfação dos cidadãos com o atual regime e as condições de vida em seu país. Em 2018, a Eritreia assinou um tratado de paz com a Etiópia, que prevê a cooperação econômica entre os dois países.
Centenas de cristãos ainda estão em prisões na Eritreia. Eles são mantidos pelo governo sob péssimas condições, alguns em contêineres em temperaturas escaldantes. Milhares de cristãos foram detidos e presos nos últimos anos, alguns dos quais estão na prisão há mais de dez anos.
A perseguição aos cristãos é extrema em todas as esferas da vida. A Comissão de Inquérito da ONU de 2016 afirmou que o governo da Eritreia tem cometido crimes contra a humanidade por mais de 25 anos. A libertação dos cristãos presos depende de assinarem uma declaração contrária as suas crenças. Os tipos de perseguição presentes no país são: protecionismo denominacional, paranoia ditatorial, opressão islâmica, e corrupção e crime organizado. O regime do presidente Afewerki é sinônimo de autoritarismo e já prendeu e matou cristãos por serem considerados agentes do Ocidente e, portanto, uma ameaça ao Estado e ao governo.
Para os cristãos, a vida familiar está sob ameaça na Eritreia. As prisões governamentais, detenções e sequestros desintegram famílias cristãs. Além disso, por conta do protecionismo denominacional, alguns cristãos têm o direito de herança, assim como outras questões familiares negadas. Devido à opressão islâmica, cristãos enfrentam diversos desafios em áreas dominadas por muçulmanos. Por exemplo, cristãos ex-muçulmanos não podem conduzir um casamento cristão em público, e quando morrem, são enterrados de acordo com rituais muçulmanos.
Ao se planejar um casamento, os problemas para os cristãos começam quando um salão precisa ser encontrado para a cerimônia. A maioria dos salões está sob administração do governo e, a menos que os organizadores do casamento escondam o fato de que o casamento é para protestantes, ninguém está disposto a alugar o salão por medo da repercussão junto aos oficiais do governo. Além disso, a maioria dos donos de salões particulares não está disposta a alugar o espaço para cristãos. Outro problema é achar um pastor disposto a conduzir o casamento. Houve casos em que noivos, pastores e convidados foram presos por participar de um casamento. Líderes da igreja não ortodoxa arriscam suas liberdades pessoais ao conduzir casamentos de casais cristãos. Mesmo após se casarem, a lei não reconhece legalmente tais casamentos, alegando que igrejas sem registro não têm autoridade para realizar casamentos.
Um país “dominado por medo, não pela lei”
A Igreja Ortodoxa da Eritreia menospreza outros tipos de cristianismo por considerá-los ilegítimos e perigosos, principalmente os grupos pentecostais. Um pesquisador do país diz: “Apesar de a razão para tal comportamento poder ser, principalmente, diferenças teológicas, o medo de perder o papel dominante da Igreja Ortodoxa no estilo de vida dos cidadãos por séculos tem um grande peso”.
Metade da população da Eritreia é muçulmana, sendo que a maioria dos muçulmanos reside nas terras baixas ao longo do Mar Vermelho e na fronteira com o Sudão. Eles mostram uma tendência ao radicalismo, o que significa que os cristãos dessas áreas são particularmente vulneráveis, especialmente os ex-muçulmanos. Os muçulmanos eritreus são “primeiro muçulmanos” e “eritreus em segundo lugar”. A conversão ao cristianismo é vista como uma traição à comunidade, família e à fé islâmica.
O regime, sem dúvida, continuará a violar os direitos humanos e assim suprimir as formas de cristianismo e islamismo que não sejam vistas como nativas, em uma tentativa de criar harmonia social. Entre outros efeitos, isso pode enfraquecer a Igreja Ortodoxa e sufocar os cristãos de igrejas protestantes em seus esforços de evangelizar os muçulmanos. Um relatório de 2015 da Comissão de Inquérito da ONU diz que o país está sendo “dominado por medo, não pela lei”.
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