Portas Abertas • 26 abr 2022
Meninas estão condenadas a viver à margem da sociedade no Afeganistão
De acordo com as leis do Talibã, as meninas e mulheres estão proibidas de frequentar escolas no Afeganistão. Mas o grupo extremista voltou atrás na decisão e prometeu abrir as escolas para meninas em 21 de março. Dessa forma, foi elogiado pela comunidade internacional pois demonstrava que o novo governo não seguiria a mesma forma do passado.
Entretanto, muitas jovens foram impedidas de frequentaram o Ensino Médio, e as escolas fecharam apenas algumas horas depois de serem ativadas. De acordo com a parceira da Portas Abertas na região, Hana Nasri*, a quebra da promessa não surpreendeu já que a ideologia do grupo islâmico visa subjugar as mulheres.
“A sentença de morte para qualquer mulher que tenha uma carreira profissional foi aprovada no dia em que o Talibã chegou ao poder. Independentemente das escolas abrirem ou não, o currículo a ser usado (se as escolas forem abertas) será destinado a fazer lavagem cerebral e mantê-las escondidas, debilitando-as e retardando seu crescimento. A ideia é paralisá-las”, explica.
A possibilidade de ir de casa até uma escola dá um poder mínimo a essas meninas e mulheres, coisa que o Talibã deseja impedir. Elas têm aparições públicas limitadas sem um acompanhante masculino e estão segregadas em espaços públicos. “As mulheres estão confusas, zangadas, desapontadas e com medo, tanto dentro como fora do país”, compartilha Hana.
A situação também é complicada para mulheres que conseguiram fugir do país número um na Lista Mundial da Perseguição 2022. A parceira Desiree* revelou um caso comum na Ásia Central: “Conheci uma mãe cuja filha costumava ir livremente à escola no Afeganistão e agora, como refugiada, não pode. Ela não tem documentos e nenhum dos requisitos necessários nesta terra estrangeira, ou seja, ela não tem os meios para estudar. Agora a jovem fica em casa. Não há oportunidades para ela”.
*Nomes alterados por segurança.
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