Portas Abertas • 3 fev 2021
Cristãos em Mianmar temem o aumento dos abusos, pressões e ameaças por parte dos militares
Ontem, a Portas Abertas noticiou que os militares de Mianmar tomaram o poder no país, após deterem a presidente reeleita Aung San Suu Kyi. Os líderes cristãos do país temem que a perseguição aos seguidores de Cristo aumente, considerando os ataques aos cristãos que os militares realizaram nos últimos anos. Em um movimento para solidificar ainda mais o poder, o exército instalou ex-generais e membros do partido militar em 11 posições-chaves no governo, controlando departamentos financeiros, de fronteiras, assuntos culturais e religiosos.
"Parece que nossa esperança foi arrancada. Não consegui dormir, chorei e orei muito durante a noite. Nossos sonhos, esperanças, visão e liberdade são tirados. Nossa vida tem sido cheia de tristeza, medo e problemas sob o regime militar. As pessoas estão sofrendo por causa da guerra. As oportunidades de emprego também são difíceis no momento, e estamos deprimidos com o golpe militar porque esperávamos um cessar-fogo", diz o pastor Zay, do estado de Rakhine.
Em meio à turbulência política, uma parceira local da Portas Abertas expressa preocupação com os 4.000 cristãos deslocados internamente que fogem nas selvas do estado de Karen, que agora estão ainda mais ameaçados pelos desenvolvimentos políticos. "Entre os deslocados estão mais de 500 cristãos, incluindo missionários presos em Kyaukkyi, região de Bago. Eles não podem seguir em frente nem voltar para as casas. Precisam de comida, remédios e roupas, mas o acesso e a comunicação com eles são muito difíceis", conta a parceira.
Outro parceiro também expressou sua preocupação com os seguidores de Cristo que vivem em áreas de conflito e campos de deslocados internos. "Eles estão sofrendo por causa da guerra civil, perderam os empregos por causa da guerra e da pandemia. Os cristãos esperavam um cessar-fogo entre os militares e o grupo insurgente, mas o futuro é incerto, e agora estamos em uma situação ainda mais deprimente", lamenta.
Depois que linhas telefônicas e conexões de internet foram restauradas no país, os parceiros da Portas Abertas no local conseguiram entrar em contato com mais cristãos, eles dizem que alguns contatos estão calmos, outros entraram em pânico ou estão assustados. Aung Tun*, um cristão local, compartilha que após o golpe mais oficiais em uniformes civis protegeram a cidade. Historicamente, os seguidores de Jesus do estado de Chin têm sofrido abusos de direitos humanos por parte dos militares budistas, com cruzes sendo profanadas e cristãos enfrentando ameaças constantes. "Nada aconteceu ainda, mas as igrejas estão orando pela situação", compartilha.
"Como a comunicação permanece não confiável e a situação está instável, vamos ser um com nossos irmãos e irmãs em Mianmar através da oração. Enquanto nossos parceiros fazem o melhor para responder no chão, vamos confiar em Deus para ser sua força e escudo. Nossas orações vão aonde não podemos", conclui o parceiro da Portas Abertas na Ásia.
* Nome alterado por segurança.
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