Portas Abertas • 2 abr 2020
Sobreviventes do ataque na Universidade de Garissa compartilham as experiências após traumas
Há cinco anos, a Universidade de Garissa foi atacada pelos extremistas islâmicos do Al-Shabaab, no Nordeste do Quênia. Após os radicais cercarem o local por 15 horas, universitários cristãos pagaram com a vida o preço de não negarem a Jesus. Os sobreviventes têm as marcas físicas e emocionais do incidente. A Portas Abertas contou a história na ocasião, e desde então trabalha no acompanhamento das vítimas. Uma das formas de trabalhar para a restauração dos cristãos foi promover um encontro de mais de 70 sobreviventes de todas as partes do país. O contato com os participantes permitiu a visão de como Deus trabalha em cada coração ferido.
Ben* estava a caminho da reunião de oração naquela manhã de abril. Ele ouviu os tiros e voltou para se esconder no alojamento. Ele confessa que as memórias do ataque são frequentes e que os aconselhamentos ajudam a elaborar melhor os fatos. "As feridas estão curadas, mas as cicatrizes estão lá", explica. Quanto ao perdão, ele é honesto, admite que não tem ódio pelos muçulmanos, mas que perdoar os extremistas é algo que só o Senhor pode fazer: "...eu não sei... acho que Deus fará isso por eles".
Ronnie* é outro sobrevivente que recorda do ataque sempre que olha nas mãos ou precisa ouvir alguma coisa. Ele foi baleado ao tentar escapar e teve a mão e a mandíbula atingidas, por isso perdeu três dedos esquerdos e teve a audição afetada. Outra consequência é a dificuldade de encontrar um emprego. Mesmo apto para ser um professor, a perda auditiva faz com que ele não seja contratado pelos administradores das escolas. “Outras pessoas podem ficar um dia ou dois sem pensar no incidente. Para mim, é diferente. Sempre que olho para os meus dedos ou me esforço para ouvir alguém, sou forçado a lembrar de tudo novamente”, diz Ronnie.
O ataque começou na sala onde estava acontecendo a reunião de oração diária. Nick* foi um dos poucos que testemunhou os assassinatos de cristãos no local. De maneira milagrosa, ele escapou e levou apenas um tiro no braço. Porém, a lesão o deixou incapaz de levantar objetos pesados e cumprir alguns tipos de tarefas.
Apesar disso, ele consegue atuar normalmente como professor. Ele conta que uma das maneiras que encontrou para aliviar a dor e processar as lembranças é falar sobre a experiência. "Não guarde para si mesmo... conte para muitas pessoas, quantas vezes puder. Dessa forma, sua raiva e amargura não aumentam”, aconselha. Nesse momento de cura, o cristão se apegou ao versículo de Jeremias 29.11 que diz: "Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro".
*Nomes alterados por segurança.
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