Portas Abertas • 28 jul 2020
Os norte-coreanos são os mais afetados pela falta de alimentos, educação e ajuda humanitária
Enquanto o mundo caminhava devagar para o retorno das atividades interrompidas pelo surto da COVID-19, a Coreia do Norte negava a presença do coronavírus no território, até que Kim Jong-un declarou alerta máximo para a identificação do primeiro caso suspeito da doença no país, no último dia 25.
Segundo o ditador, um desertor pode ter se contaminado quando fugiu para a Coreia do Sul e voltou "ilegalmente", obrigando a cidade fronteiriça de Kaesong a ficar em lockdown. Mas as consequências da pandemia já eram colhidas na nação comunista muito antes do primeiro caso. O cristão norte-coreano Timothy Cho* contou as principais informações da Coreia do Norte à Portas Abertas. Confira!
Onde estão as crianças norte-coreanas?
Uma das maneiras de manter o regime comunista é investir na educação rígida da população desde a tenra idade. Mas o alto índice de evasão escolar no Ensino Fundamental está preocupando o Ministério da Educação. As autoridades iniciaram uma investigação para descobrir o motivo da redução de alunos nas escolas primárias do país número um na Lista Mundial da Perseguição 2020. De acordo com Cho, as justificativas podem ser a baixa taxa de natalidade, a falta de condições dos pais de pagar as despesas escolares e a necessidade do trabalho da criança para a sobrevivência da família.
É comum que os cidadãos que têm filhos na escola também sejam coagidos a contribuir com projetos de construção e apoio militar. “Foi a mesma coisa durante o meu período escolar. Eles costumavam nos pedir para doar cobre, peles de coelho secas para roupas de inverno dos soldados, dinheiro para projetos de construção, papelões, etc.”, lembra o cristão. Porém, se o “pedido” não for atendido, os alunos são fortemente criticados publicamente. “Quaisquer que tenham sido as razões que levaram a reduzir o número de alunos do Ensino Fundamental na Coreia do Norte, essa é uma consequência inevitável que advém das dificuldades econômicas”, comenta Cho.
Sem alimentos na Coreia do Norte
Outro assunto que preocupa as autoridades internacionais é a falta de alimento para a população norte-coreana. Com o fechamento rigoroso das fronteiras, as secas e as inundações, 10,1 milhões de pessoas enfrentam a escassez de alimento. Os dados do relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, da sigla do inglês) também indicam que serão necessárias 374 mil toneladas de grãos para suprir a população do país até o fim de 2020.
Sem ajuda humanitária para os norte-coreanos
Um novo impacto da COVID-19 na Coreia do Norte é a dificuldade que organizações de direitos humanos estão encontrando para fornecer ajuda aos norte-coreanos. Seis trabalhadores da Organização das Nações Unidas (ONU) foram impedidos de monitorar o andamento de projetos humanitários no país. Já na Coreia do Sul, foram retiradas as licenças de organizações que enviavam balões e panfletos para dentro do território comunista. Outras 25 instituições, com base no país vizinho, podem perder as licenças para atuar em favor dos norte-coreanos. “Parece que o atual governo da Coreia do Sul começa a usar o mesmo tipo de opressão, perseguição e vigilância com os desertores norte-coreanos, ativistas de direitos humanos e organizações”, conclui Cho.
*Nome alterado por segurança.
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