Portas Abertas • 18 mar 2020
Igreja chinesa compartilha aprendizado durante a crise com a Covid-19
Diante das mudanças que a Covid-19 causou na China, o pastor Huang Lei compartilhou com a Portas Abertas sobre como os momentos difíceis podem ser vistos de uma perspectiva divina. A igreja liderada por ele em Wuhan interrompeu as atividades presenciais em obediência às ordens das autoridades e passou a se encontrar virtualmente.
Os cristãos que não podem sair de casa têm mais tempo para os grupos de discipulado. Todos os dias, eles assistem uma pregação dos pastores nas redes sociais e site da comunidade cristã. Um dos maiores grupos “beneficiados” foram os idosos e as pessoas com deficiência, já que passaram a ser mais cuidados pelos demais irmãos, tanto espiritual quanto emocionalmente.
Relembrando as prioridades
Entre 1990 e 1991, o evangelista chinês Wang Ming-Dao ensinou algo atemporal ao colaborador da Portas Abertas Ron, que o visitou na prisão. A partir da pergunta “como você anda com Deus?”, o homem de 60 anos conseguiu mostrar que as disciplinas espirituais como oração e leitura da Bíblia não podem andar desassociadas de um relacionamento de intimidade com o Senhor.
"Lembro-me de olhá-lo e confessar que estava achando difícil relacionar sua experiência à minha. Eu disse: Eu nunca vou ser preso como você, então como sua fé pode ter algum impacto sobre a minha? Ele parecia desconcertado e começou a me fazer uma série de perguntas”, lembra Ron.
O líder cristão começou a listar os afazeres que o jovem precisava fazer ao retornar da visita. “Quando você voltar para casa, quantos livros você precisa ler no próximo mês? Quantas cartas você precisa escrever? Quantas pessoas você tem que ver? Quantos artigos você tem que produzir? Quantos sermões você deve pregar? Ele continuou as perguntas, e eu respondi uma de cada vez. Após cerca de quinze dessas perguntas, eu estava começando a me sentir em pânico pela quantidade de trabalho”, testemunha.
Quando só uma coisa importa
De repente, Ron entendeu que o mais importante era fazer discípulos de Jesus; logo um desejo de liderar uma célula tomou conta dele. Wang Mingdao ficou animado com a decisão do jovem cristão e começou a explicar a frustração que sentiu ao ser preso. Ele era um cristão influente, escrevia livros e queria fazer uma cruzada de evangelismo pelo país.
“Mas, em vez de servir a Deus de todas essas maneiras, me vi sentado sozinho em uma cela escura. Não pude usar o tempo para escrever mais livros. Eles me privaram de caneta e papel. Não pude estudar minha Bíblia e produzir mais sermões. Eles a levaram embora. Eu não tinha ninguém para testemunhar, já que o carcereiro empurrava minhas refeições por uma escotilha durante anos. Tudo o que me deu significado como obreiro cristão foi tirado de mim e eu não tinha nada para fazer”, contou o líder cristão encarcerado.
Mas foi durante esse tempo que ele entendeu que a única coisa que poderia fazer era conhecer a Deus, mesmo sem ter acesso a uma Bíblia. A crise forçou uma mudança no líder chinês, nas prioridades dele, assim como aconteceu com os cristãos de Wuhan. A única certeza que têm é que o pai está com eles, como confirma o Salmos 139.8-10: “Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá estás. Se eu subir com as asas da alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo ali a tua mão direita me guiará e me susterá”.
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