Portas Abertas • 19 out 2017
A vítima foi espancada até a morte em Punjab, província do Paquistão, no final de agosto. Isso aconteceu dentro da sala de aula, no segundo dia de aula do jovem cristão no ensino médio. Sharoon Masih estudava em escola da cidade de Vehari, onde foi agredido por outro aluno, Raza Ahmed. A mãe de Sharoon disse à polícia que seu filho “era odiado por causa de sua religião”.
O vice-superintendente da polícia, Javed Tahir Majeed, um dos três investigadores do caso, contou à Portas Abertas que um colega de classe de Sharoon, Sabir Ali, relatou que ele estava sentado no fundo da sala. Quando se levantou para passar entre os bancos, Raza Ahmed abriu as pernas para bloquear o caminho, dizendo-lhe que ele não poderia sair. Quando tentou passar pelas pernas de Raza, este começou a bater nele. Sabir tentou intervir, mas Raza bateu nele também. “Raza negou que tenha tocado Sharoon, mas a classe inteira testemunhou que ele bateu até Sharoon cair no chão e continuou a chutá-lo até deixá-lo inconsciente. Raza é alto e forte e tem a reputação de brigar também fora da escola”, afirma o policial.
O vice-superintendente Majeed também disse que é comum haver casos em que uma pequena agressão resulta em morte. “É bem plausível que um golpe na barriga cause a morte”, diz. Testemunhas oculares confirmaram que Raza chutou Sharoon no estômago. No entanto, a autópsia diz que “nenhum sinal de trauma físico foi encontrado no corpo”. Partes de órgãos internos foram enviadas para exames químicos.
Motivos religiosos por trás de maus tratos
A mídia local diz que possível negligência da escola contribuiu para a morte do menino. A mãe dele diz que Raza Ahmed havia proibido o filho de beber água na escola dias antes do incidente. Cristãos paquistaneses são frequentemente tratados com desprezo porque muitos deles vêm da casta considerada inferior, dos intocáveis, com os quais alguns muçulmanos se recusam a comer e beber.
O pai de Sharoon, Ilyasab, contou à Portas Abertas que, no primeiro dia na escola, o professor não havia deixado seu filho assistir à aula porque ele estava sem o uniforme e até o agrediu na frente da classe. Sharoon disse que não se sentia bem em ir à escola porque todos os alunos o odiavam por causa de sua religião. O pai, então, disse que iria com ele para conversar com os professores e os alunos. No dia seguinte, o menino faltou à escola e foi comprar seu uniforme. No terceiro dia, quando voltou, foi morto antes que seu pai pudesse fazer alguma coisa.
No Paquistão, a justiça é lenta e muito cara para os mais carentes, principalmente para os cristãos, que geralmente não têm nem dinheiro nem contatos na máquina do estado. O pai, Ilyasab Masih, espera justiça: “Eu tenho total fé em Jesus de que justiça será feita”. Há outros alunos cristãos na escola, e um dos funcionários também é cristão. O Paquistão ocupa a 4a posição na Lista Mundial da Perseguição 2017, e muitos incidentes contra cristãos foram registrados somente este ano. A morte de Sharoon aumentou o medo entre os cristãos paquistaneses.
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