Portas Abertas • 13 jul 2020
Os cristãos no Iêmen lutam para manter a confiança em Deus, apesar da destruição pela guerra civil e surto de COVID-19
Como manter a esperança em meio aos escombros de uma guerra civil que já dura seis anos? Os cristãos no Iêmen conseguem isso colocando a confiança em Jesus e nas promessas que ele fez, mesmo diante da pandemia da COVID-19 e da nuvem de gafanhotos, que invadiu as grandes cidades e comprometeu as plantações que alimentam a população. Mas acreditar no socorro divino nestes momentos é ir contra a maré de más notícias. “Muitas pessoas ao meu redor estão com medo e falam de maneira trágica de uma pessoa com esse vírus e do sofrimento da vítima e da família. Em contraste com isso, notei como os cristãos são uma bênção, enquanto falam sobre como lidar com essa pandemia com espírito de esperança e encorajamento, oração e seguem as medidas de prevenção”, testemunha Shoki, um cristão que vive ao norte do país.
De acordo com a organização Médicos Sem Fronteiras, as estatísticas governamentais confirmaram a morte de 80 pessoas por dia na cidade de Aden, capital temporária reconhecida pela Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Antes do surto do coronavírus, a média era de 10 mortes por dia, mesmo em período de conflitos. O dado indica que os números oficiais divulgados podem ser diferentes da realidade, já que não há capacidade de testar os infectados. Outro fator que agrava a situação é o surto de doenças que também causam febre, como malária, cólera e dengue.
Tratamento para pessoas com COVID-19
No Iêmen circulam vídeos em que autoridades aparecem maltratando supostos infectados pela COVID-19, estigmatizando a doença e contribuindo para que os cidadãos não procurem ajuda médica adequada. “Muitas pessoas não estão denunciando casos suspeitos por medo das medidas de segurança. Também ouvimos histórias de pessoas que durante viagens foram obrigadas a ficar em quarentena em abrigos do governo. As condições do isolamento eram terríveis; não havia banheiros e nem espaço suficiente para as pessoas”, afirma Shoki.
Em territórios ao norte dominados pelos houthis, grupo rebelde xiita, fica mais difícil a propagação de informações e orientações a respeito da COVID-19. Os casos suspeitos não são informados, e muitos morrem em casa e são enterrados em segredo. Apesar das circunstâncias difíceis, os cristãos locais superam as tristezas e medos diariamente, porque transformam as inquietações em pedidos de oração e trabalham em ações de prevenção da doença. "Oramos uns pelos outros para que o Senhor Jesus nos livre dessa pandemia. Isso nos aproximou de Deus e de nossos irmãos no Iêmen. Estamos tentando passar mais tempo com nossos filhos, ensinando-os e intercedendo pela salvação de nosso povo”, explica uma cristã da região. (Essa história continua).
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