Portas Abertas • 16 jun 2020
Cristãos têm casas, igrejas e propriedades destruídas e saqueadas por extremistas islâmicos na região norte de Moçambique
Nem a possibilidade de contaminação com a COVID-19 desencorajou extremistas islâmicos de promoverem vários ataques na província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique. Em 28 de maio, os militantes tomaram rapidamente a cidade comercial de Macomia. Ela foi a terceira cidade invadida pelos jihadistas nos últimos meses. Os autores dos incidentes se autoproclamam como Estado Islâmico e têm como objetivo a implantação das leis islâmicas (sharia) no território. Apesar do nome do grupo ser o mesmo do que atua no Iraque e Síria, não há comprovação da ligação entre eles.
Entre 28 e 30 de maio de 2020, pelo menos 95 pessoas morreram por causa de conflitos entre os radicais islâmicos e as forças do governo. Porém, o número de mortos chega a mil desde que os grupos de insurgentes começaram a agir, em 2017. Outro problema resultante da violência foi o deslocamento de 150 mil pessoas pelo país. Isso acontece porque casas, lojas, igrejas e edifícios governamentais são incendiados durante os ataques.
Os custos dos conflitos para a população
De acordo com a Agência de Notícias de Moçambique, os extremistas têm uma maneira de selecionar as vítimas. Eles fazem perguntas sobre o islamismo e, se a pessoa não souber responder, é morta. Os que tentam fugir também são alvos fáceis para os insurgentes. Entre os prejuízos dos combates está a retirada da ONG Médicos sem Fronteiras do território, já que teve o centro de saúde onde atuava seriamente danificado.
O Norte de Moçambique é uma região majoritariamente muçulmana, mas estava em paz até o surgimento do wahabismo em 2017, quando muitos começaram a interpretar o islamismo de maneira mais conservadora. Apesar dos cristãos não serem os principais alvos, são afetados pelos saques e destruições de igrejas e propriedades privadas. “A menos que o governo trabalhe para controlar a situação, a violência contínua pode corroer a harmonia religiosa que existe hoje entre o povo de Moçambique", afirma Jo Newhouse*, porta-voz das operações da Portas Abertas na África Subsaariana.
*Nome alterado por segurança.
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