Portas Abertas • 30 nov 2017
No livro, as cristãs revelam a crueldade na prisão de Evin, em Teerã, capital do Irã
Duas iranianas que foram ameaçadas de execução enquanto estavam presas escreveram um livro sobre suas experiências. Elas descreveram a famosa prisão de Evin, em Teerã, onde passaram oito meses entre 2009 e 2010, como “a prisão mais brutal do mundo”. Maryam Rostampour (35) e Marziyeh Amirizadeh (38) agora moram nos Estados Unidos, onde receberam asilo após serem libertadas. O livro se chama “Cativas no Irã” e foi publicado em 2013.
Nos últimos seis meses, 21 cristãos foram condenados a longos anos de prisão no Irã, e muitos deles estão na prisão de Evin. Em uma entrevista ao jornal britânico Times, elas descreveram as condições que os cristãos presos muito provavelmente estão enfrentando. “Quem passa por Evin nunca mais será o mesmo. O stress é muito alto. Tem dias que você não consegue respirar porque não sabe o que vai acontecer com você no dia seguinte”, descreve Maryam.
Os maus tratos na prisão
Em Evin, as cristãs dormiam no chão em uma cela que compartilhavam com outras 30 a 40 prisioneiras. Havia apenas uma pequena janela. As luzes ficavam acesas a noite toda e uma televisão ficava ligada com propaganda do governo. Elas não recebiam tratamento médico por serem cristãs, pois eram vistas como “infiéis sujas”. “Éramos tratadas como animais”, resume Marziyeh.
Maryam e Marziyeh passaram 40 dias no prédio de interrogatórios, onde foram ordenadas repetidamente a negar a fé. Os interrogadores também exigiam os nomes das pessoas que participavam de sua “igreja doméstica” e queriam que assinassem confissões forçadas. “Se vocês não derem as informações que precisamos, vamos bater em vocês até vomitarem sangue”, eram as ameaças que ouviam. “Nós podemos fazer qualquer coisa com vocês e ninguém vai nos deter. Aqui somos a lei e podemos fazer o que quisermos”, ameaçavam.
Elas se converteram em uma conferência na Turquia em 2005. Quando voltaram para Teerã, transformaram o apartamento em uma igreja doméstica e distribuíram cerca de 20 mil cópias do Novo Testamento. Ambas testemunham que a atenção internacional dada ao caso ajudou a assegurar a libertação e também a sobreviver ao tempo na prisão. “Quando um caso ganha atenção, eles param de torturar ou abusar, porque o mundo está olhando para eles. Mas se um prisioneiro não tem alguma voz que seja por ele, muitas coisas podem lhe acontecer”, afirma Marziyeh.
A Anistia Internacional criticou o Irã por negar cuidados médicos em suas prisões. Eles citaram o caso da cristã Maryam Naghash Zargaran, que foi liberta em agosto após passar quatro anos em Evin. Após fazer duas greves de fome, Maryam conseguiu saída temporária para cuidar da saúde, mas toda vez tinha que retornar antes que o tratamento estivesse completo. Sua prisão foi estendida por seis semanas para repor o tempo que havia gasto fora da prisão. Após quatro anos na prisão, ele foi libertada em 1 de agosto deste ano.
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