Portas Abertas • 6 abr 2016
De acordo com a agência de notícias France Presse, o Ministério Público argelino aceitou as acusações criminais de um imã (líder religioso islâmico) contra um escritor que expressa publicamente suas opiniões e críticas à fé islâmica. O escritor é conhecido como Kamel Daoud, também é jornalista, tem 45 anos e atualmente é colunista do jornal francês
Le Quotidien dOran, onde escreve seus artigos baseados no tema Raina Raïkoum (Minha opinião, a sua opinião). Kamel já foi indicado para o Prêmio Renaudot, uma das mais importantes premiações literárias da França. Quando ele se refere ao Estado Islâmico, escreve coisas do tipo: ""Eles cortam gargantas, matam, apedrejam, decepam mãos, destroem a herança comum da humanidade e desprezam arqueologias, mulheres e não muçulmanos. Já a Arábia Saudita é mais bem vestida e organizada, mas faz as mesmas coisas"", escreveu em um de seus artigos para o jornal New York Times.
Embora Kamel não esteja defendendo os cristãos, seu posicionamento contra os extremistas islâmicos é relevante e justo. Ele já declarou uma vez: ""A religião é um transporte coletivo que eu não pego. Prefiro ir até esse Deus a pé, não em viagem organizada"". Mas suas declarações lhe renderam uma ""fatwa"" (decisão judicial que pode chegar a uma sentença de morte), ao que ele respondeu: ""Eles me reprovam por minha tomada de posição contra os extremistas islâmicos, porque falo com liberdade e conhecimento de causa, já que na juventude fui simpatizante desses movimentos, e porque escrevo em francês; fui acusado de ser sionista e pró-francês"", disse ele em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, durante o Salão do Livro de Paris. Depois completou: ""Minha morte pode chegar de qualquer jeito e a qualquer hora. Ao mesmo tempo, não me faço de herói, todo mundo está ameaçado, a civilização está ameaçada. Quando 200 estudantes são sequestradas pelo Boko Haram, acho indecente falar de mim"", finalizou o jornalista. Ore por essa nação.
Leia também