Governo fecha o cerco contra igrejas em Ruanda

Cuidado com a segurança é positivo, mas por outro lado pode indicar maior controle do governo sobre atividades da igreja

Portas Abertas • 11 abr 2018


As igrejas pressionadas são na sua maioria pentecostais (Foto representativa por razões de segurança)

As igrejas pressionadas são na sua maioria pentecostais (Foto representativa por razões de segurança)

Ontem divulgamos sobre novos regulamentos para o funcionamento de comunidades religiosas (como igrejas e mesquitas) em Ruanda. E informamos que seis pastores foram presos por protestar contra a nova lei. Fontes locais contaram à Portas Abertas que “a comunicação com ruandeses é complicada porque todos os e-mails e ligações telefônicas estão sendo monitorados. Ninguém falou abertamente sobre a questão após a prisão dos seis pastores”.

Os seis pastores presos foram: Innocent Rugagi, da Igreja do Evangelho da Redenção; Charles Rwandamura, da Igreja Cristã Unida; Fred Nyamurangwa da Igreja Comunidade Pentecostal Livre (CELPAR); James Dura, da Igreja de Ministérios de Cura e Libertação, Emmanuel Shyaka Kalisa e Emmanuel Ntambara. Grupos de direitos humanos criticaram o governo por reprimir a liberdade de expressão e restringir o espaço político.

Outros, no entanto, apoiaram os fechamentos, dizendo que a segurança das pessoas nas igrejas vem em primeiro lugar e que é necessário ter líderes qualificados. “Os esforços do governo para que as igrejas tenham melhor estrutura são bem-vindos”, disse Esron Maniragaba, presidente da Igreja Evangélica Livre de Ruanda e um dos líderes da Aliança Evangélica do país.

Em sua maioria, igrejas fechadas são pentecostais

Muitas das igrejas fechadas são pequenas igrejas pentecostais, que têm crescido rapidamente em Ruanda e outras partes da África Subsaariana nos últimos anos. Dentre elas, algumas são pequenas congregações que se reúnem em estruturas improvisadas. Enquanto há outras que têm milhares de pessoas frequentando os cultos de domingo. O presidente de Ruanda, Paul Kagame, recentemente questionou por que a capital, Kigali, tinha que ter 700 igrejas. “Temos o mesmo número de fábricas?” interrogou o presidente.

Mas Phil Clark, da Universidade de Londres, disse a um jornal alemão: “O pentecostalismo está crescendo exponencialmente lá. O fechamento das igrejas é muito mais por razões políticas, e sinaliza para as igrejas que elas estão sendo observadas, assim como outras organizações sociais em Ruanda. Eu considero isso como um aviso claro”.

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