Portas Abertas • 9 jun 2021
As autoridades do Sudão demoliram novamente o prédio da igreja próximo à capital do país (foto representativa)
Um prédio da igreja no Sudão, que foi reconstruído depois de ter sido destruído por incêndios criminosos no ano passado, foi demolido novamente no mês passado após ameaças de moradores e autoridades locais.
O edifício pertence à Igreja Sudanesa de Cristo em Jaborana, nos arredores de Cartum, capital do país. Depois que um ataque incendiário destruiu o prédio da igreja em agosto de 2020, a congregação começou o processo de reconstrução dele em maio.
Um promotor local, no entanto, chamou três líderes da igreja e lhes disse para interromper o trabalho. Os líderes se recusaram alegando que o caso deles não estava sob a alçada do promotor. Em vez disso, os funcionários da igreja afirmaram que a jurisdição pertence ao departamento que lida com violações de terras públicas e que não haviam recebido uma denúncia, informou o portal de notícias CSW.
Apesar das ameaças de alguns moradores locais, a igreja continuou o processo de construção até que o prédio foi demolido em 27 de maio. Os relatórios não dizem quem ordenou ou executou a destruição do templo. Porém, em novembro do ano passado, nove pessoas foram julgadas por suposto envolvimento no incêndio do prédio em agosto, bem como por mais quatro ataques incendiários em dezembro de 2019 e janeiro de 2020.
O julgamento, que ainda está em andamento, é o primeiro do gênero em um país onde, nos últimos 30 anos, as comunidades cristãs têm enfrentado níveis muito altos de perseguição. Os cristãos tiveram suas propriedades confiscadas, prédios da igreja destruídos, e líderes religiosos foram presos e levados ao tribunal.
O governo de transição do Sudão, em vigor desde a destituição do ex-presidente Omar al-Bashir, em abril de 2019, vem trabalhando para reverter algumas dessas políticas, com resultados mistos. “Ainda há muito trabalho a ser feito no Sudão para garantir que a liberdade religiosa não seja apenas garantida pela Constituição, mas respeitada na prática pelos governos locais e pelos cidadãos”, disse um parceiro da Portas Abertas no Sudão.
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