Portas Abertas • 16 set 2020
Com o Estado laico, os cristãos sudaneses não estarão sujeitos às punições da sharia
Após 30 anos sob a sharia, conjunto de leis islâmicas, o governo de transição do Sudão pretende remover o islã como a religião oficial do país. A legislação muçulmana foi implantada pelo ex-presidente Omar al-Bashir, que contribuiu para fechar e demolir igrejas, e perseguir e prender líderes cristãos. A igreja global se regozija porque as orações de irmãos e irmãs foram atendidas.
A Portas Abertas noticiou a revogação das leis de açoites públicos e da apostasia, que sentenciava os ex-muçulmanos à morte. Dentre as mudanças legais também ficou proibido a mutilação genital feminina. Todas essas alterações são consequências dos meses de protestos populares e deposição do antigo líder al-Bashir, em abril de 2019.
“Para que o Sudão se torne um país democrático onde os direitos de todos os cidadãos são consagrados, a Constituição deve se basear no princípio da separação entre religião e Estado, no qual o direito à autodeterminação deve ser respeitado”, dizia a declaração assinada pelo governo e grupos rebeldes, veiculada pela agência de notícias Bloomberg.
As recentes mudanças no Sudão são vistas com bons olhos pelo porta-voz da Portas Abertas na África Subsaariana: "Compartilhamos o otimismo cuidadoso da igreja sobre os esforços do governo de transição para livrar o Sudão das leis discriminatórias contra os não-muçulmanos".
Entretanto, o líder cristão enfatiza que há decisões importantes a serem tomadas, como o registro e a construção de igrejas, além da devolução de propriedades confiscadas das comunidades cristãs. “Também é necessário um movimento para permitir a representação de grupos religiosos minoritários no Ministério de Dotações Religiosas com delegados que eles próprios escolheram", completa o porta-voz.
Algumas ONGs se manifestaram no mês passado justificando que as emendas feitas pelo governo provisório não abordaram os princípios básicos dos direitos humanos. Há também grupos islâmicos apoiadores do ex-presidente que desafiaram as decisões insistindo que a sharia deveria ser mantida. Eles até pediram a intervenção do exército para defender a implantação das leis reveladas a Maomé.
Outra decisão tomada, que não teve o apoio de todos os grupos rebeldes, foi a assinatura de uma declaração de paz. O objetivo é encerrar os anos de guerra em Darfur e nos estados do Sul. Esses conflitos já mataram 300 mil pessoas e forçaram o deslocamento de 2,7 milhões de sudaneses apenas na região, garante a Organização das Nações Unidas (ONU). Louve a Deus por esse momento importante na política do país e peça que a paz seja mantida.
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