Portas Abertas • 13 nov 2014
Os depoimentos de dois ex-oficiais e de um pesquisador universitário muçulmano dominaram a 96ª e a 97ª rodadas de audiências, em 15 e 16 de outubro, em um julgamento que já dura sete anos. Os acusados foram trazidos da prisão para ler sua extensa defesa para a Primeira Alta Corte Penal de Malatya.
Os três homens reivindicam que o movimento Hizmet, liderado pelo estudioso muçulmano Fetullah Gulen, está por trás da tortura e morte por esfaqueamento de dois turcos convertidos ao cristianismo e de um missionário alemão na Editora Zirve, em Malatya, em abril de 2007.
Os réus acusaram o grupo sócio-religioso, que fora um forte aliado do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, sigla em inglês), de ter planejado a trama mortal para desacreditar as Forças Armadas e derrubar o governo.
Afirmações semelhantes têm sido levantadas por outros suspeitos desde o ano passado, quando o julgamento foi transferido dos tribunais de terrorismo da Turquia para um novo painel de juízes e procuradores. A maioria dos cerca de 20 acusados do crime foi liberada, enquanto aguardam julgamento, incluindo o ex- general Hur?it Tolon, de quem dizem ter se juntado ao Tushad, um grupo ilegal dentro das Forças Armadas turcas que também estaria por trás dos assassinatos.
“Se o tribunal estivesse determinado, teria encerrado o caso em dois ou três meses”, disse o advogado de defesa Erdal Dogan ao World Watch Monitor no julgamento da última semana. “Mas não está, e os réus estão obstruindo o fim do julgamento com seu depoimento de defesa. Então, parece que irá prosseguir por cerca de um ano ou mais”.
Os advogados que representam as famílias das vítimas de Malatya expressaram sérias preocupações de que os cinco assassinos acusados, que foram soltos da prisão em março deste ano e equipados com dispositivos de rastreamento eletrônico, possam conseguir fugir do país antes do veredito final. Desde o reinício das audiências, em junho, três dos suspeitos dos assassinatos foram escoltados para o tribunal pela polícia, com os outros dois conectados à sala do tribunal por vídeo das delegacias próximas a suas casas.
Dogan e Dincer fazem parte de uma equipe de proeminentes advogados de direitos humanos que têm representado as famílias das vítimas cristãs de forma pro bono (sem retribuição) nos últimos sete anos. Eles foram ameaçados no tribunal por vários réus e continuam a receber ameaças de morte e correspondências de ódio por seu papel pró-ativo no caso.
As petições dos advogados de defesa para soltar da prisão, sob fiança, os últimos quatro dos 20 acusados, enquanto durar o julgamento, foi negada na última audiência. Seu apelo para também permitir que os cinco suspeitos de executarem os assassinatos, todos agora sob fiança, removessem os dispositivos de rastreamento e, em vez disso, comparecessem a uma delegacia local semanalmente, também foi recusado. O julgamento será retomado em 10 de dezembro.
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