Portas Abertas • 12 fev 2022
A Igreja Ortodoxa é uma das poucas que tem autorização governamental para funcionar na Eritreia
O líder cristão da Igreja Ortodoxa, Abune Antonios, morreu na última quarta-feira, dia 9. Ele foi deposto da igreja na Eritreia e estava em prisão domiciliar em Asmara desde 2006. Antonios tinha 95 anos e sofria de diabetes grave.
Em 2003, Antonios se tornou líder cristão e entrou em desacordo com o governo da Eritreia pela interferência das autoridades em assuntos da igreja. Em agosto de 2005, o Sínodo da Eritreia se reuniu com o objetivo de tirar toda a autoridade executiva de Abune Antonios. Entre as acusações contra o líder cristão, estavam a relutância em excomungar 3.000 membros do Medhane Alem, um movimento ortodoxo da Escola Dominical, e suas exigências de que o governo liberte cristãos presos acusados de traição.
Em janeiro de 2006, as autoridades notificaram Antonios de que ele seria removido como líder da igreja e colocado em prisão domiciliar. Um ano depois, confiscaram a identidade dele e o governo da Eritreia tirou Antonios à força de casa e manteve-o detido em um local não revelado.
No dia 16 de julho de 2017, as autoridades permitiram que Antonios fizesse uma aparição pública pela primeira vez em mais de uma década. Três dias depois, o governo transferiu Antonios para outro local a fim de melhorar as condições de vida dele. O líder cristão continuou incomunicável e teve negado o atendimento médico para diabetes.
A morte de Antonios acontece quando completa duas décadas de um rígido controle estatal na igreja na Eritreia. Em 24 de maio faz 20 anos que o governo anunciou que reconheceria apenas quatro grupos religiosos e proibiria todos os demais que não haviam solicitado o registro, após um decreto do governo em 1997.
Desde então, todos os cristãos que desejam adorar a Cristo fora dos grupos reconhecidos e sancionados, fazem isso secretamente. No entanto, mesmo cristãos e igrejas pertencentes a grupos isentos têm sofrido diferentes níveis de interferência, como o confisco do dízimo e o fechamento de serviços como escolas e clínicas. Todos os atos considerados pelo governo como resistência são punidos até mesmo com prisão.
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