Portas Abertas • 14 mar 2021
Em encontro inédito, os líderes religiosos conversaram sobre a igualdade de direitos de cristãos e muçulmanos no Iraque
O líder xiita Ali al-Sistani disse ao Papa Francisco no sábado, 6 de março, que os cristãos devem "viver como todos os iraquianos, em segurança e paz e com plenos direitos constitucionais no Iraque". Em um comunicado divulgado após a reunião, al-Sistani disse que a autoridade religiosa tinha um papel a desempenhar "na proteção deles e outros que também sofreram injustiça e dano nos eventos dos últimos anos".
O encontro histórico entre os dois líderes religiosos foi uma tentativa de fortalecer o diálogo entre as duas crenças. Al-Sistani, 90 anos, é reconhecido como líder espiritual pela maioria dos muçulmanos xiitas do mundo.
Anos de guerra e conflito expulsaram 80% dos cristãos iraquianos do país. Após a derrota do Estado Islâmico em 2017, alguns voltaram, mas continuam enfrentando desafios para reconstruir as vidas, principalmente pela falta de serviços básicos e segurança.
Ainda há relatos de um ressurgimento do Estado Islâmico e de milícias locais lutando pelo controle. Mas quando as famílias retornam para as cidades onde moravam encontram as casas destruídas pela guerra ou descobrem que o local está sendo ocupado por estranhos.
Recuperar as propriedades é uma tarefa quase impossível, disse uma fonte local aos parceiros da Portas Abertas em janeiro. "Aqueles que tomaram essas propriedades sabem muito bem que um cristão, sendo uma minoria, não pode se arriscar e reclamar; mesmo que faça isso, a reclamação dele não será resolvida facilmente dentro dos tribunais", disse o cidadão.
Cristãos e outras minorias enfrentam discriminação indireta e direta. Além disso, a conversão de muçulmanos ao cristianismo é proibida, e caso desobedeçam correm o risco de perder a custódia dos filhos e os direitos de herança. Outro ponto é que os filhos de cristãos ex-muçulmanos são registrados como islâmicos e forçados a receber educação religiosa conforme a antiga fé dos pais.
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