Guerrilheiros colombianos recusam devolver restos de padre assassinado

Portas Abertas • 29 jan 2005


Guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que operam no estado ao noroeste da Colômbia (Chocó), permanecem firmes na recusa de entregar o corpo do padre católico romano que eles seqüestraram, mataram e enterraram mês passado.

Francisco Montoya foi seqüestrado dia 08 de dezembro, enquanto viajava da capital de Chocó, Quibdó, para a vila de Nóvita, cerca de 400 milhas a nordeste de Bogotá.

O bispo de Medellín tinha convidado Francisco, o padre pároco da vila de Istmina Tadó, para celebrar a festa da Imaculada Conceição em Nóvita. Ele partiu dia 19 de novembro.

Depois que Francisco celebrou a missa, esteve viajando em uma área controlada pela FARC, guerrilheiros seqüestradores disseram. "Ele tinha entrado numa área sem autorização deles. Eles o acusaram de ser um informante do exército", disse Manuel García, pároco geral da diocese de Quibdó.

Guerrilheiros da FARC e paramilitares da direita controlam grande parte de território no estado de Chocó, aterrorizando os residentes locais e tirando proveito do tráfico de narcóticos ilegais que tem crescido lá.
"Eles não o conheciam", explicou García. "Eles sabiam que ele era um trabalhador religioso porque as pessoas contaram sobre ele. Os guerrilheiros disseram que talvez ele até fosse um trabalhador religioso, mas suspeitaram que ele fosse um informante do exército só porque veio de outra região".

Por muitos dias, FARC manteve Francisco cativo, levando ele para muitas cidades e finalmente para uma base numa montanha em outra região. Os guerrilheiros eventualmente declararam que o padre era um informante do exército, e "apesar de não terem provam, não fazerem uma investigação séria, o mataram", disse García.

A igreja ficou alarmada quando ninguém ouvia falar sobre Francisco e dia 20 de dezembro enviaram um grupo para procurá-lo. Então, Aurélio Rodrigues, da frente da FARC reclamou a responsabilidade pelo assassinato dele.

Porta-vozes dos guerrilheiros disseram que eles o enterraram na montanha, mas recusaram devolver seus restos. A permissão para exumar seu túmulo quebraria a segurança, eles disseram.

 "A igreja pode entrar, mas só com autorização da FARC", disse García. "É uma situação muito dolorosa".

Novos relatos da morte de Francisco apontam que ele tinha 45 anos, mas García, que o conhecia muito bem, disse que ele tinha por volta dos 33 anos de idade."Ele era um homem muito humilde, com uma alma muito alegre", disse García.

 Originário da segunda maior cidade da Colômbia, Medellín, Francisco foi convidado pela igreja para ser enviado a ministrar para os indígenas e comunidades Afro-colombianas em El Choco. O jovem padre entusiasmadamente abraçou a cultura de Chocó, viajando a pé pelas regiões e carregando seus pertences numa típica cesta indígena. Ele tocava sua clarinete nas vilas e entretecia crianças com brinquedos e truques mágicos.

Os padres católicos romanos de Chocó já tinham sido ameaçados por grupos armados ilegais antes, disse García. Quando um clérigo é ameaçado, o bispo negocia com o respectivo grupo armado para desativar a ameaça. Em alguns casos, a diocese tem transferido padres sob ameaça.
Em novembro de 2001, o padre Jorge Luiz Mazo e um representante de uma organização hispânica não governamental foram mortos. Cinco anos atrás, outro trabalhador religioso foi assassinado na região.

"Não há ameaças gerais contra padres", disse García. "Os grupos se levantam contra a igreja quando ela denuncia seus crimes. Em alguns casos, eles têm ameaçado padres".

No entanto, García mantém que os clérigos em si não estão em perito grave. "O perigo real é para os camponeses", ele disse. "Então os clérigos vão para as áreas rurais para tentar defender os camponeses que estão no meio do fogo cruzado. Eventualmente nós nos colocamos em perigo".

Líderes das igrejas têm também tentado ser intermediários de acordos e diálogos regionais com as facções armadas, para reduzir a violência.
Enquanto isso, trinta padres de Quibdó continuam fazendo o que eles podem para se proteger. Eles mudam de um lado para o outro com prudência, viajam aos pares para os mais perigosos lugares e vigiam a retaguarda uns dos outros.

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