Portas Abertas • 8 abr 2005
Na semana passada, grupos vietnamitas de direitos humanos expressaram sua preocupação com a possibilidade de o governo do Vietnã escapar a sanções oferecendo gestos simbólicos e fazendo promessas vazias de respeitar a liberdade religiosa.
Ativistas levantaram o problema depois de o Departamento de Estado declarar que pediu ao Congresso mais tempo para discutir com Hanói meios de acabar com os abusos sofridos por alguns grupos religiosos no país, regido pelo comunismo.
De acordo com a Lei Internacional de Liberdade Religiosa, em setembro de 2004 a administração indicou o Vietnã, a Arábia Saudita e a Eritréia como "países de particular preocupação", integrando uma lista que já inclui Burma, Coréia do Norte, China, Irã e Sudão.
A lei de 1998 dá ao Departamento de Estado até seis meses para discutir áreas-problemas com os recém-classificados países de particular preocupação e anunciar as medidas punitivas a serem tomadas contra aqueles que não agirem no sentido de resolver a questão.
Quando o período de seis meses terminou, terça-feira passada, o departamento informou que havia pedido ao Congresso mais algumas semanas e mencionou que as conversas estavam sendo frutíferas.
Fizemos alguns avanços importantes, declarou o porta-voz do departamento, Adam Ereli.
A nosso ver, se tivermos um pouco mais de tempo, teremos condições de cuidar de certas questões problemáticas para nós. esperamos que as decisões sejam finalizadas e anunciadas nas próximas semanas".
Embora não tenha enumerado, Ereli afirmou que algumas ações foram tomadas nos últimos seis meses.
As avaliações finais seriam feitas com base naquilo que os países fizeram e naquilo que se comprometeram a fazer.
Os Estados Unidos acusam o governo vietnamita de oprimir adeptos de religiões não-reconhecidas, sobretudo budistas independentes e cristãos protestantes de minorias étnicas.
Centenas de igrejas foram fechadas, e grupos de direitos humanos citam casos de oficiais que tentaram forçar cristãos de minorias étnicas a abandonar sua fé. A organização de defesa dos direitos humanos americana Human Rights Watch informou que pelo menos três padres católicos estão presos há quase 20 anos.
Em duas ações recentes, o governo mandou soltar importantes prisioneiros de consciência, e o primeiro-ministro publicou um novo decreto declarando ilegais as tentativas das autoridades de obrigar protestantes a abandonar sua fé, afirmando que atualmente grupos protestantes não-autorizados teriam permissão para requerer oficialmente o reconhecimento oficial de sua religião.
Mas Helen Ngo, chefe do Comitê de Liberdade Religiosa do Vietnã, reagiu com ceticismo às mudanças.
Segundo ela, os líderes recém-libertados não puderam circular livremente, mas vinha sendo constantemente seguidos por membros da polícia especial.
Um deles, Thich Thien Minh, da banida Igreja Budista Unificada do Vietnã, estava preso desde 1979. Após sua libertação, Thich falou sobre o regime ter trocado sua pequena prisão por uma maior, comentou Ngo.
O contato regular com o povo que vive no Vietnã, acrescentou ela, deixou claro que a perseguição e os ataques continuam.
Em um incidente uma criança foi espancada a ponto de não conseguir andar durante uma semana. Quando seu pai, detido na ocasião do ataque, foi solto, escreveu uma carta-petição a uma autoridade oficial, mas ouviu como resposta: O senhor é protestante. Nada posso fazer a seu favor.
O novo decreto do primeiro-ministro permitindo que alguns grupos protestantes requeiram reconhecimento também foi visto como um gesto vazio, comentou Ngo.
Dizem que as coisas estão melhorando no Vietnã. Não acho que seja verdade".
O comitê esperava que o governo norte-americano impusesse medidas que afetassem o regime financeiramente, como redução da ajuda não-humanitária ou oposição a novos empréstimos do Banco Mundial. Dinheiro é muito importante para o governo vietnamita.
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