Arábia Saudita nega acesso a cristãos presos

Portas Abertas • 31 mai 2005


Cinco cristãos da África oriental, presos durante um culto há três semanas, estão impedidos de receber visitas no centro de investigação, onde estão encarcerados em Riad, capital da Arábia Saudita.

Um amigo exilado que tentou visitar os três etíopes e os dois eritreus na semana passada não obteve a permissão dos oficiais do Mabanith, serviço de segurança do Ministério do Interior.

Quando o amigo foi à prisão, no dia 10 de maio, recebeu a informação de que os cinco homens só poderiam receber visitas depois de um mês.

Os cinco prisioneiros eram presbíteros em uma pequena igreja doméstica de etíopes e eritreus, que se reunia em Riad há mais de quatro anos, sem nenhum incidente. Pelo menos 35 homens, mulheres e crianças entre os 60 membros da igreja estavam presentes quando a Muttawa (polícia religiosa islâmica) invadiu o culto do dia 29 de abril, declarando que aquelas reuniões eram "proibidas" na Arábia Saudita.

Yemane Gebre Loul, o único homem casado entre os cinco prisioneiros, estava hospedando a igreja doméstica na casa alugada no distrito de Al-Olaya, em Riad, quando a prisão aconteceu. Motorista particular, o eritreu Yemane é pai de oito filhos.

O segundo eritreu, Gazai Zarom, trabalhava como supervisor para a companhia Abbar Zaine. O etíope Yonas Tekle trabalhava na área de informática da mesma empresa.

Os outros dois etíopes, Mesfen Tekle e Teklu Mola, eram empregados da empresa Medgulf.

Mantidos inicialmente na delegacia de Sulaymaniyesh, os cinco cristãos foram transferidos, cinco dias depois, para um centro de interrogatórios da Mabahith, em Al Ama-iletia, onde estão encarcerados.

De acordo com fontes locais, os oficiais da Muttawa que dirigiram a operação na igreja doméstica estavam acompanhados por agentes da polícia saudita, totalizando pelo menos 20 oficiais.

A Muttawa tem autoridade para deter suspeitos por apenas 24 horas em casos de violação estrita do código islâmico. Mas as leis locais permitem que a detenção se estenda pelo prazo máximo de cinco dias, depois dos quais os suspeitos precisam ser libertados, caso não sejam apresentadas acusações formais.

"Apesar disso, na prática, as pessoas são mantidas presas por semanas ou meses e, às vezes, mais tempo", segundo informa o relatório de 2004 do U.S. Departamento Estadual de Direitos Humanos sobre a Arábia Saudita. "E a lei dá ao ministro do Interior amplos poderes para prender pessoas indefinidamente".

Contatado por Compass, no dia 9 de maio, o embaixador da Etiópia em Riad declarou que não tinha informação sobre a prisão dos três cristãos etíopes. Dois dias depois, um oficial da embaixada, que se identificou como Mr. Yitbarek, afirmou que sua equipe procurou pelos homens desaparecidos mas não conseguiu localizá-los.

O cônsul mostrou-se surpreso pelo fato de que os três homens ainda não tinham tentado entrar em contato com os oficiais etíopes, afirmando que as autoridades locais normalmente permitem que os detentos telefonem para as embaixadas de seus países.

Apesar da insistência do governo saudita em afirmar que os não-muçulmanos têm permissão para praticar sua crença em locais privados, a polícia religiosa continua a prender e a exigir a extradição de cristãos capturados em cultos domésticos.

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