Portas Abertas • 22 jun 2005
Cinco cristãos presos e detidos há um mês por dirigirem uma reunião de oração em residência particular em Riad foram liberados e autorizados a retornarem aos seus empregos na capital saudita.
Três semanas depois de serem libertos no dia trinta de maio, os três etíopes e os dois cidadãos da Eritréia não receberam qualquer indicação de que eles teriam perdido seus cargos ou estivessem sujeitos à deportação como resultado da prisão.
"É um milagre. Não é normal ser solto dessa maneira e receber a permissão de voltar ao trabalho", disse um amigo das vítimas ao Compass, no dia 19 de junho. "Eles não tiveram que notificar aos seus mantenedores, e todos estão de volta ao trabalho".
O país rotineiramente deporta vários cristãos estrangeiros que são pegos em suas residências em meio a reuniões de orações, exigindo que seus empregadores rescindam o contrato junto ao empregado. As conseqüências são prisões, demissões e deportações, e muitos deles perdem até mesmo os benefícios de aposentadoria.
Eles foram interrogados por um longo período, tendo os olhos vendados nos primeiros sete dias. Mas, segundo as próprias vitimas, não foram fisicamente mal-tratados. Depois da primeira semana de detenção, eles foram mantidos em um local que uma fonte declara ser "um bom lugar, e não como muitos presos são mantidos".
De Riad, um cônsul oficial da Embaixada da Etiópia disse ao Compass que não tinha nenhuma informação sobre a prisão e detenção deles.
"Foram soltos?", disse Mr Ytibarek, "Não tinha nenhuma notícia a respeito disso".
Entretanto, ele confirmou que depois que os parentes das vítimas informaram à embaixada sobre o episódio, sua equipe visitou vários centros de detenção com o intuito de localizar os prisioneiros. "Mas quando enviamos nossos colegas para encontrá-los, eles já não estavam mais lá", disse o cônsul.
As vítimas lideravam uma igreja nos lares que sofreu uma batida policial da muttawa (polícia religiosa islâmica) durante uma reunião de louvor no dia 29 de abril. As trinta e cinco pessoas - incluindo homens, mulheres e crianças - foram informadas de que estavam violando a lei no Reino Saudita, onde o encontro de qualquer religião que não seja a muçulmana é proibido.
O grupo de africanos já se reunia em particular na capital saudita há pelo menos cinco anos, segundo fontes locais.
Há mais de dois anos, o deputado do Ministério do Interior, príncipe Ahmad, foi citado no dia nove de abril de 2003, no jornal Arab News, declarando que não-muçulmanos residentes no Reino Saudita são autorizados a praticar suas crenças em particular.
Mas no período de dois meses, pelo menos três grupos de cristãos expatriados que se reuniram em particular sofreram batida policial, tendo seus líderes presos por alguns dias ou até mesmo semanas. Alguns deles foram demitidos e outros deportados.
Em resposta às recentes notícias de que a Arábia Saudita estava prendendo e torturando um paquistanês, um indiano e etíopes por "organizarem reuniões religiosas", um oficial anônimo decidiu esclarecer à Saudi Press Agency no dia oito de junho.
Em um artigo da Associated Press intitulado "Sauditas negam perseguir cristãos", esse oficial foi citado dizendo que essas alegações eram incompatíveis "com os princípios e valores do reino, e acima de tudo, de nossa crença islâmica tolerante, que garante os direitos dos muçulmanos e residentes de diferentes religiões e etnias".
Sob as normas da rígida lei islâmica, a Arábia Saudita proíbe a prática pública de qualquer religião que não seja a muçulmana dentro de seu território. No ano passado, foi incluído na lista do Departamento do Estado Americano "os países de maior preocupação" pelas severas violações na liberdade religiosa.
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