Portas Abertas • 27 jun 2005
Onze famílias cristãs que foram atacadas fisicamente na aldeia de Jamanya, distrito de Jalgaon, no estado de Maharashtra, no dia 16 de maio, agora enfrentam o ostracismo depois de terem acusado os moradores hindus de abuso sexual.
No dia 15 de maio, a corte comunitária pediu às famílias para renunciarem à fé cristã, mas elas se recusaram. No dia seguinte, um grupo de moradores hindus espancou os homens e molestou sexualmente suas esposas e filhas.
"Quando uma esposa veio ajudar o marido que estava sendo agredido, Sattarsingh Barela abusou dela, usando linguagem obscena e forçando-a com uma vara em um lugar isolado", disse a Compass o pastor Sarichand Chauhan, coordenador na região da Equipe Indiana Evangélica.
"Os agressores feriram outra mulher com uma vara nas coxas e na cintura. Apesar de ter dificuldades de andar, ela teve de fugir com toda sua família para a floresta, por temer mais ataques".
"Eles esbofetearam uma moça de 16 anos várias vezes. O rosto dela ficou tão machucado que ela não conseguia lavar o rosto por muitos dias."
"Eles também disseram uns aos outros que podiam fazer o que quisessem com as mulheres cristãs, que ninguém viriam salvá-las", ele acrescentou. "Enquanto espancavam outra mulher, uma viúva, eles disseram que cinco deles podiam violentá-la porque ela era uma viúva".
Os agressores também tentaram despir algumas mulheres.
Chauhan disse que os cristãos informaram à polícia essas injúrias. Entretanto, no registro de ocorrência a polícia não registrou as queixas de abuso sexual e depois negou que qualquer incidente houvesse ocorrido.
"Não houve agressão sexual durante o ataque", disse a Compass Constable Yogesh Patil do distrito pocial de Yawal. "Não temos nada que indique que houve abuso sexual na ocorrência registrada contra os hindus".
Chauhan pediu às mulheres para fazerem declarações por escrito, detalhando os abusos.
Quando os cristãos registraram a queixa oficialmente, a aldeia inteira voltou-se contra eles.
"No dia 12 de junho, um grupo de habitantes hindus de Jamanya conduzidos, por Moti Juga Patel, tiveram um encontro com outras nove aldeias vizinhas. Eles pediram para isolar as famílias cristãs", disse Chauhan.
"Os cristãos não podem mais buscar água nas fontes públicas nem comprar comida nas lojas. Declarando que a comunidade cristã é uma casta inferior ou de intocáveis, os hindus determinaram que nenhum cristão entre em qualquer casa pertencente a uma família hindu", acrescentou.
Quando sete hindus foram presos, no dia 18 de maio em função dos ataques do dia 16, uma outra acusação foi formalizada contra os cristãos, acusando-os de profanar os deuses hindus. Trinta cristão foram presos no mesmo dia, sob os artigos 295, 506 e 34 do código penal da Índia.
Dez dos acusados cristãos foram libertados sob fiança no dia 24 de maio. Entretanto, três menores foram mantidos em prisão domiciliar por 8 dias e libertados sob fiança no dia 2 de junho. Os três menores são Suresh Ransingh Barela, 12; Suresh Sahmal, 14; e Kiran Resla Barela, 16.
Outro cristão, Garubindya Barela, foi preso no dia 26 de maio, mas foi libertado sob fiança no mesmo dia.
Os sete acusados hindus também foram libertados sob fiança.
Chauhan rejeitou a alegação de que os cristãos profanaram ídolos hindus. "Só depois das prisões é que as imagens foram quebradas", afirmou. "Ouvi alguns aldeões dizendo que quando os membros do grupo nacionalista hindu RSS souberam das prisões dos hindus, eles pediram aos moradores para quebrar os ídolos e acusar os cristãos".
A Christian Legal Association of India está providenciando ajuda para as famílias cristãs. A Vanvasi Kalyan Ashram, entidade da RSS que trabalha entre os grupos tribais, está dando assistência aos hindus da aldeia.
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