Cristãos quenianos se opõem à lei islâmica

| 28/08/2005 - 00:00


Líderes cristãos quenianos estão incentivando suas congregações a que se oponham à futura votação de uma nova constituição para a nação leste-africana, porque o documento proposto dá reconhecimento à lei islâmica (sharia).

Sob a Constituição existente no Quênia, a corte sharia (também conhecida como "corte Kadhi", depois do título do oficial que a presidia) permite julgar questões familiares e de heranças relacionadas à minoria muçulmana, embora não em disputas criminais.

A nova Constituição poderá estabelecer as cortes como parte do sistema judiciário nacional.

Líderes de igreja dizem que é errado que corpos puramente religiosos sejam incorporados na Constituição de uma nação secular, onde as pessoas seguem várias religiões.

Cerca de 11% da população de 30 milhões do Quênia é muçulmana, 45 % são protestantes, 33% são católicos romanos e 12% aderem a credos indígenas e outros.

Os líderes cristãos expressaram sua preocupação porque o reconhecimento das cortes poderá eventualmente levar à aplicação da lei islâmica em assuntos criminais, uma questão controversa, pois a sharia prevê punições severas, como apedrejamento até a morte ou a amputação de membros por certos crimes.

"É melhor permanecermos com a atual Constituição do que adotar um documento que irá atirar o país ao caos", disse o bispo Mark Kariuki da Igreja Evangélica Deliverance.

Os clérigos do Quênia têm assistido à situação do estado nigeriano de Kano, um dos 12 estados no país que adotaram a lei sharia.

No mês passado, Kano introduziu um sistema de transporte público segregacionista entre os sexos, o último passo em sua implementação do código islâmico.

No Quênia, o debate está ameaçando descarrilar um processo longo e franco de revisão e atualização da Constituição para as reformas políticas.

A Constituição proposta está agora sendo esboçada pelo procurador geral, cujo documento editado final deverá ser levado a um referendo nacional em novembro.

Mas os líderes de igrejas estão agora pedindo que as mudanças propostas para a corte sharia sejam retiradas por alguns anos, permitindo mais debates entre os seguidores das duas religiões.

"Oramos para que a nova Constituição não condene o país para um estado sharia", disse o bispo Kihara Mwangi, um líder de igreja e legislador.

Por outro lado, os muçulmanos estão ameaçando rejeitar toda a Constituição proposta se a seção reconhecendo as cortes Kadhi for omitida, afirmou o muçulmano Najib Balala, um ministro de gabinete.

No ano passado, os muçulmanos do Quênia ameaçaram formar seu próprio estado sob a lei islâmica se as cortes Kadhi não fossem formalmente reconhecidas pela Constituição.

Alguns acusaram os cristãos de trabalhar com "evangelistas estrangeiros" dos EUA para suprimir a liberdade desfrutada pela comunidade muçulmana.


Sobre nós

Uma organização cristã internacional que atua em mais de 60 países apoiando os cristãos perseguidos por sua fé em Jesus.

Facebook
Instagram
Twitter
YouTube

© 2023 Todos os direitos reservados

Home
Lista mundial
Doe
Fale conosco