Portas Abertas • 11 set 2005
Atravessar rapidamente a areia e um rio marrom de lama e esgoto é a única maneira de repórteres visitantes e ansiosos entrarem na área do povo cristão karen de Burma.
Fora da vista das patrulhas tailandesas da fronteira, um homem karen nos leva a Thue Mwe Nee, uma das várias vilas rodeadas agora por uma área minada, em uma tentativa de atrasar o avanço das forças do governo.
Eles não podem plantar arroz abertamente, uma importante fonte de alimento em Burma, um país chamado pela junta militar de Mianmar. De qualquer forma, apesar da fome e de estarem ensopados nesta estação chuvosa, as crianças encontram motivos para cantar sobre Jesus Cristo. Algumas canções de restauração foram importadas pelos missionários que visitam seus assentamentos, outras são de sua autoria.
Os de fora se enganam ao achar que ajuda, dinheiro e comida são prioridades na lista de desejos deles. Seus pedidos são humildes e, nos padrões ocidentais, baratos. "Orações e Bíblias são o que precisamos", os nativos dizem. Depois disso vêm os remédios para tratar de muitas pessoas que sofrem de malária e outras doenças transmitidas por mosquitos.
"Perdemos muitos médicos trabalhando por nós", explica Jim Jacobson, presidente da Christian Freedom International (CFI - Liberdade Cristã Internacional), que apóia cristãos perseguidos em algumas das áreas mais isoladas do mundo, incluindo Burma. "Alguns deles até arriscaram suas vidas para tratar dos feridos pelas forças do governo que lutam contra o povo cristão karen", uma das maiores minorias étnicas de Burma.
Antes de irem ao combate, BosNewsLife viu como os combatentes do Exército de Libertação Nacional Karen (KNLA) oram. Eles dizem que tudo o que têm é a sua fé, já que, de uma forma de vista mais ampla, não há como eles vencerem as tropas do Conselho da Paz e Desenvolvimento do Estado (SPDC) - um grupo de generais que tem governado por decreto desde 1988 - e seu apoio menor, o Exército Democrático Karen Budista (DKBA).
Com aproximadamente um em três de todos os cinco ou seis milhões de karens deslocados internamente em Burma, o KNLA está defendendo as vilas e o sonho de um estado autônomo, que foi prometido a eles pelos aliados britânicos da 2ª Grande Guerra, que mais tarde os abandonaram.
Orações, não dinheiro, são o que nossos irmãos e irmãs em Cristo próximos de Laos estão pedindo. Eles estão envolvidos no que chamam de "batalha espiritual" contra o governo comunista. Há poucos meses dezenas de aldeãos cristãos foram presos e torturados por forças especiais.
Assim como em Burma, a CFI acredita que o regime teme que a propagação do cristianismo abale sua posição e ideologia. Alguns aldeãos nunca viram estrangeiros em sua vida antes dos repórteres do BosNewsLife irem para lá. Eles ainda deixam claro que temem parte da família de Cristo.
Na Tailândia, onde refugiados principalmente de Burma, bem como de Laos e outras nações, tentam começar uma nova vida, a esperança parece removida para longe da realidade de todo dia. Uma chuva aparentemente interminável, transformando caminhos de lama em rios, soma-se à miséria do lotado campo de refugiados Mae La sem nenhum trabalhador de ajuda da ONU à vista. A última vez que o BosNewsLife checou, uma conferência de paz da ONU estava para acontecer em Phuket, uma ilha de férias, a duas horas de vôo de lá.
Entretanto, órfãos que viram seus pais e mães assassinados diante de seus olhos continuam cantando e sorrindo. Eles foram encorajados a escrever cartas a Jesus em uma escola e um orfanato da CFI próximos dali, e a expressar sua dor na música e na dança.
Os órfãos, com os quais o BosNewsLife falou também, dizem que podem perdoar os soldados que mataram "mamãe e papai". Tudo o que eles pedem agora é viver em paz e com algum amor.
O presidente da CFI Jim Jacobson sente-se machucado porque as igrejas no ocidente parecem sempre relutantes para ajudar "seus irmãos e irmãs sofredores".
Jim diz: "Como um corpo de Cristo, devemos ir àqueles que sofrem". Ele se refere a Mateus 25.36: "Estive preso e viestes me visitar...". Os cristãos perseguidos, ele diz, já encontraram sua liberdade em Cristo. "Eles só querem que nos lembremos deles... É pedir muito?".
Texto enviado por Daila Fanny.
© 2024 Todos os direitos reservados