Governo eritreu expulsa pastor anglicano

Portas Abertas • 3 nov 2005


O único pastor anglicano do leste da nação africana Eritréia recebeu ordens abruptas, no início de outubro, para deixar o país.
 
Depois de pastorear a Igreja Episcopal São Jorge em Asmara pelos últimos cinco anos, o reverendo Nelson Fernandez recebeu um telefonema de um oficial da imigração no dia 4 de outubro, informando que ele deveria deixar a Eritréia antes do dia 15 de outubro.
 
"Eles não me disseram a razão", contou Fernandez a Compass pelo telefone, de sua casa em Kollam, no estado de Kerala, na Índia. "A única razão sugerida indiretamente foi a de que o governo tem algumas restrições em relação ao número de anos que um expatriado pode viver lá".
 
Como cidadão indiano, Fernandez renovava seu visto anualmente. Em setembro, autoridades haviam diminuído seu visto de residência para três meses. Uma semana antes da ordem de expulsão, Fernandez ficou sabendo que seu visto de residência de três meses havia sido reduzido para um mês. Essa surpresa veio em uma nota do Departamento de Assuntos Religiosos entregue a ele no escritório da imigração em 28 de setembro.
 
Depois, em 3 de outubro, um oficial ligou para informá-lo que a "alta segurança" havia reduzido seu visto para apenas mais 15 dias.
 
Apenas um dia depois, quando o seu prazo final foi diminuído para 10 dias, Fernandez disse: "De fato foi uma deportação digna". Ele afirmou que foi sofrido receber o ultimato do governo por telefone, deixando-o sem tempo para organizar sua partida ou para redirecionar suas responsabilidades para a diretoria e o conselho da igreja.
 
"Eu simplesmente precisei deixar tudo incompleto", disse ele.
 
"Essas notícias foram chocantes para nós e para ele", declarou por escrito o reverendo doutor Mouneer Anis, bispo da diocese do Egito, após saber da expulsão iminente de Fernandez.
 
A congregação expatriada de São Jorge era composta de 18 membros, quando o recém-nomeado Fernandez e sua esposa Sudha chegaram em Asmara, em setembro de 2000, após o cessar fogo entre Eritréia e Etiópia que colocou pacificadores da ONU na região. O casal havia vivido na Eritréia anteriormente por três anos, quando Fernandez estava sob contrato com o governo como professor de Inglês na Escola Secundária Segeneity, fora de Asmara.
 
Desde 2000, a igreja vinha crescendo regularmente, com cultos matutinos e vespertinos aos domingos e atraindo executivos estrangeiros, professores, profissionais de organizações não-governamentais e diplomatas da capital.
 
O pastor disse que acredita que a principal razão de sua expulsão foi o crescimento da congregação nos cultos de domingo à noite. Neste ano, cerca de 250 jovens predominantemente eritreus estavam freqüentando esses cultos de louvor abertos.
 
"Desde Janeiro, nós precisávamos colocar bancos adicionais nas noites de domingo, e mesmo assim a congregação ficava para fora da porta, lotando o prédio", conta Fernandez.
 
Pastor imposto pelo governo

Fontes em Asmara confirmaram que, desde a partida forçada de Fernandez, o Departamento de Assuntos Religiosos instruiu o reverendo Asfaha Mehari, presidente da Igreja Evangélica (Luterana) da Eritréia (ECE) a assumir o púlpito da Igreja Episcopal São Jorge.
 
"Nenhum cidadão estrangeiro, e especialmente nenhum americano, tem permissão para conduzir cultos aqui", relatou a fonte.
 
Sob um acordo de 1994, entre a Igreja Episcopal e a ECE, o recinto da igreja e a casa pastoral permaneciam como propriedade da Diocese Episcopal do Egito. Mas em termos legais e de relações governamentais, a congregação está sob o domínio da ECE.

Desde maio de 2002, o governo de Eritréia baniu todos os encontros cristãos para adoração, exceto aqueles das igrejas registradas Ortodoxa, Católica e Evangélica Luterana. Autoridades policiais invadiram reuniões para prender centenas de cristãos protestantes das denominações proibidas. Pelo menos 17 de seus pastores ainda estão na prisão.
 
Mas em meses recentes, o controle do governo passou a incluir indivíduos e grupos dentro das igrejas legalizadas que são acusados de "corromper" a juventude da Eritréia.
 
Até o patriarca Abune Antonios, da Igreja Ortodoxa da Eritréia, foi efetivamente colocado de lado, deposto de toda autoridade eclesiástica, exceto como chefe nominal de cerimônias. Ele está detido em sua casa desde o início de agosto.

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