Portas Abertas • 7 nov 2005
A preocupação da Igreja Católica pelas crescentes dificuldades que os cristãos palestinos devem enfrentar foi reafirmada pelo arcebispo Celestino Migliore, observador permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas, perante a 4.ª comissão da 60.ª sessão da Assembléia Geral da ONU. Aquele diplomata renovou o pedido do Vaticano de um estatuto internacional para os lugares santos de Jerusalém.
O arcebispo disse que "somos obrigados, este ano, a alertar para as dificuldades crescentes enfrentadas pelos cristãos que, apesar de pertencerem a uma fé nascida na sua própria terra, são muitas vezes vistos com suspeição pelos seus vizinhos. Duplamente discriminado, é pouco surpreendente que este pequeno grupo seja marginalizado", acrescentou.
O arcebispo Migliore insurgiu-se, em particular, contra os casos de ataques a cristãos na região de Belém, sublinhando que os mesmos "não podem ser suportados". Outra grande preocupação da delegação católica relaciona-se com a construção do muro de segurança na Cisjordânia, pelas autoridades israelitas, que a Igreja considera que "corta o acesso às terras, fontes de água, emprego, comércio, educação, saúde e liberdade de culto".
"A minha delegação reconhece o direito de todos os povos de viver em paz e segurança, acreditando, contudo, que a Terra Santa precisa mais de pontes do que de muros", indicou o representante do Papa na ONU. Apelando "ao diálogo e à negociação", a Igreja pediu uma "solução duradoura" para a questão de Jerusalém, "Cidade Santa" para as três grandes religiões monoteístas, com o contributo empenhado da comunidade internacional.
"Só com uma paz justa e duradoura - não imposta, mas assegurada através da negociação - poderão ser cumpridas as legítimas aspirações dos povos da Terra Santa", conclui D. Celestino Migliore. Também perante a 4.ª comissão da 60.ª sessão da Assembleia Geral da ONU o arcebispo Celestino Migliore falou do Holocausto dos hebreus salientando que a responsabilidade de todas as nações de recordar, ganha uma nova força no momento em que celebramos o 60.º aniversario da libertação dos campos de extermínio.
Que o Holocausto possa servir de admoestação para prevenir a aceitação de ideologias que justificam discriminação à dignidade humana com base na raça, cor da pele, língua ou religião - foram os votos formulados pelo arcebispo Celestino Migliore que citou também os genocídios, atrocidades, assassínios em massa e limpezas étnicas do século XX, e incitou a descobrir qualquer sintoma de genocídio para recusá-lo prontamente.