Portas Abertas • 27 nov 2005
Cristãos palestinos sofrem com os abusos aos direitos humanos, que incluem confisco de terras, estupro e assassinato, nas mãos da comunidade muçulmana predominante. Mas, quando eles se expressam, a Autoridade Palestina (AP) não lhes oferece qualquer recurso ou proteção.
Na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, tanto muçulmanos ou cristãos palestinos dizem aos visitantes que não há rixa entre eles - que eles vivem de maneira igual sob a AP.
Mas Justus Reid Weiner, autor do livro "Direitos humanos dos cristãos na sociedade palestina" disse que isso não é verdade.
A perseguição religiosa é um problema generalizado, que pode ser sentido de maneiras diferentes, Justus diz. "Algumas pessoas são acusadas de colaborar com Israel. Outras são acusadas de danos morais. E mais algumas são acusadas de tentar propagar o cristianismo através da doação de Bíblias".
"Tudo começou quando um amigo meu, um pastor evangélico leigo, me perguntou se eu já tinha pesquisado ou escrito sobre as vítimas cristãs que sofriam com os abusos de direitos humanos sob a Autoridade Palestina", disse Justus ao "Cybercast News Service".
A Constituição da AP, que ainda precisa ser ratificada, é baseada na sharia, a estrita lei religiosa islâmica. A sharia relega os não-muçulmanos a um status inferior e também proíbe conversões do islamismo a qualquer outra religião.
Segundo Justus, o islamismo vê a conversão como uma "via de mão única". "Você é mais do que bem-vindo para se converter seja lá de onde para o islamismo. Mas qualquer um que se atreva a pensar em se converter do islamismo a qualquer outra religião merece pena de morte".
Conforme o autor, se a AP é governada por uma constituição baseada na lei islâmica, não se pode esperar que ela vá proteger um muçulmano que se torna cristão.
Os cristãos sofrem também
Mas não só os muçulmanos convertidos ao cristianismo sofrem, ele disse.
Justus confirmou que os abusos contra a pequena comunidade cristã (menos que dois por cento da população na Cisjordânia e na Faixa de Gaza) são negligenciados pela comunidade internacional.
Em seu livro, Justus mostra que "A vida real para os cristãossob a Autoridade Palestina, sujeitos aos caprichos de uma maioria muçulmana, continua a ser bastante ignorada por organizações, governos, mídia e pelo público internacional".
"Não apenas a comunidade cristã palestina se depara com uma ameaça existencial como também, de forma mais significativa, seu status como minoria perseguida é ignorado, já que a atenção internacional está no terrorismo e nos planos de paz, e não nas necessidades atuais dos direitos humanos", ele complementa.
O silêncio da Igreja
Conforme Justus, os líderes da igreja - há muito sendo intimidados pelo chefe da AP Yasser Arafat - não se manifestam a favor de sua comunidade, o que complica ainda mais o problema.
Justus contou que, no começo, ele ficou desconcertado com o silêncio da igreja em vista dos maus-tratos que seus membros sofriam. Segundo ele, a Autoridade Palestina intimidou tanto a liderança cristã, que ela acompanha a causa nacionalista palestina.
"Eles corriam para Arafat assim que ele estalasse os dedos, garantindo que os cristãos e os muçulmanos eram, antes e acima de tudo, palestinos, e todos eles se comprometiam com o nacionalismo palestino em primeiro lugar", Justus escreveu.
Os cristãos, dessa forma, viram que seus líderes haviam se vendido.
Como há bem poucos cristãos, se comparado ao número de muçulmanos, Justus conclui que "a liderança da AP tende a olhar pro outro lado quando os extremistas islâmicos atiram, esfaqueiam, espancam, intimidam, roubam, estupram ".
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