Portas Abertas • 5 dez 2005
Um grupo de jovens atacou três cristãos que distribuíam literatura cristã no oeste do estado de Maharashtra, no dia 26 de novembro. Dois dos três agredidos foram hospitalizados.
"É um milagre que estejamos vivos", disse Shaji Samuel, um obreiro da Igreja dos Irmãos em Panvel. "Fomos brutalmente agredidos. Eu ainda não consigo respirar direito, pois tive vários ferimentos internos e minha boca ainda está machucada".
A agressão aconteceu às 19h15, atrás da rodoviária de Panvel Taluja, distrito de Raigad, próximo a capital do estado, Mumbai.
Biju Jacob, 35, contou que ele, Saji Samuel e Reji Paul, 30, distribuíram e venderam literatura e Bíblias das 10 às 12h30, sem incidentes. Quando eles retornaram à tarde, "um grupo de cerca de 30 jovens nos agrediu violentamente".
Paul e Jacob estavam sentados no jipe e Samuel estava em pé, perto do capô, onde havia uma estante com livros.
"Um jovem se aproximou de Samuel, pegou um folheto e perguntou a ele porque lá não havia menção aos 330 milhões de deuses hindus", contou Jacob. "Logo o jovem ficou furioso e mais 30 jovens vieram e começaram a bater em Samuel."
De acordo com Vedas (a Escritura hindu), há 330 milhões de deuses na Índia.
"Quando Paul e eu saímos do jipe, eles começaram a nos agredir também", contou Jacob. "Eles nos surraram durante cerca de 15 minutos".
Os agressores então arrastaram os três cristãos e fizeram com que eles se sentassem em uma espécie de carroça motorizada. Eles pediram ao motorista para levá-los à delegacia de polícia de Panvel e os seguiram em seus próprios veículos.
"Quando chegamos à delegacia, eles (os agressores) alegaram que nós estávamos convertendo hindus", disse Jacob. "Eu disse ao sub-inspetor, S.H. Warenkar, que estávamos apenas vendendo literatura cristã, sem constranger ninguém".
Warenkar concordou em levar as vítimas para um hospital público próximo, onde eles receberam tratamento para os machucados, acrescentou Jacob.
O Hospital Municipal de Panvel transferiu os três cristãos para um hospital privado a fim de obterem um tratamento mais especializado. No caminho, entretanto, a polícia pediu que pelo menos um deles fosse à delegacia prestar depoimento.
Samuel, que sofreu o maior impacto do ataque, foi levado ao Hospital Thane Lok, onde foi internado imediatamente. Paul conseguiu voltar para casa.
Quando Jacob chegou à delegacia, os agressores tinham registrado uma queixa na polícia acusando-o e os seus colegas de conversão.
A polícia interrogou Jacob até por volta de 1h30 da madrugada.
"No domingo, eu tinha febre e muita dor de cabeça - então fui ao hospital e fiquei internado", disse Jacob. "A polícia teve de ir ao hospital para continuar o interrogatório. Tive alta na terça-feira, mas ainda tenho inchaço na cabeça".
A polícia, entretanto, não registrou acusações contra os cristãos, mas sim contra os agressores. Anil Madhukar Kalyankar, Kishore Madhukar Kalyankar, Sanjay Yashwant Wahulkar e outras 25 pessoas foram acusadas de criar tumulto e perturbar a paz pública, disse o policial Warenkar.
"Os cafajestes queriam que registrássemos a queixa deles contra os cristãos, mas não aceitamos isso", ele disse.
Warenkar acrescentou que os acusados estavam foragidos. "A polícia irá prendê-los em breve".
A situação ainda é tensa, disse Samuel, já que os agressores colocaram cartazes nos muros da região prevenindo os hindus de tentativas de conversão. "Os cartazes alegam que o plano dos cristãos é converter os hindus da área", afirmou ele.
Samuel disse que ele e as outras vítimas não têm nada contra os extremistas.
"Nós os perdoamos", afirmou. "Entretanto, é triste que tenhamos sido mal interpretados, quando estávamos simplesmente distribuindo literatura cristã que fala de amor e paz".
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