Extremistas tentam forçar pastores a adorarem em templo hindu

Portas Abertas • 20 dez 2005


Dois grupos militantes hindus atacaram igrejas nos Estados de Chhattisgarh e Madhya Pradesh no dia 4 de dezembro, um domingo.

Pelo menos 25 membros do grupo extremista hindu Dharma Sena atacaram uma igreja em Raipur, no Estado de Chattisgarh, agredindo brutalmente cinco cristãos. A polícia deteve duas vítimas, pastores visitantes, para investigação, mas se recusaram a prender qualquer um dos extremistas hindus. Depois de baterem nos cristãos dentro da igreja, incluindo os preletores convidados, Masih Das Rai e Anmol Kamble, os agressores obrigaram estes e outro pastor local, que foi arrastado de sua casa, Ramesh Das Manikpuri, a irem à um templo hindu.

Akhilesh Edgar, da organização cristã local "Milap Mandali", disse ao Compass que os militantes do "Sena"  tentaram forçar os cristãos a se prostrar diante dos ídolos e a gritar: "A vitória seja do deus Ram (Jai Shri Ram)".

"Os cristãos se recusaram terminantemente", disse Edgar. "Masih Das Rai teve até mesmo a ousadia de dizer: Você pode me matar, mas não me prostrarei ao ídolo." Masih já tinha sido atacado e acusado falsamente pelo "Sena".

 A igreja doméstica, localizada na Região Industrial de Sarora ou Raipur, realiza seus cultos há 3 anos, na casa de Kanhaiya Lal  Sharma. O culto havia começado às 10h30 e estava quase acabado quando, no começo da tarde, os extremistas do Dharma Sena ("Exército Religioso", uma organização militante hindu) atacaram.

"De 25 a 30 pessoas chegaram de repente e atacaram a congregação, no primeiro piso da casa. Assim que eles começaram a agredir o preletor convidado, o anfitrião Kanhaiya e Ram Vilas Yadav, o pânico tomou conta da congregação de aproximadamente 30 pessoas, incluindo muitas crianças", contou Edgar.

O "Dharma Sena" havia planejado o ataque muito antes, de acordo com fontes que disseram que o grupo estava ameaçando os cristãos há algum tempo. Edgar disse que enquanto havia cerca de 30 pessoas batendo nos cristãos, os extremistas juntaram aproximadamente 200 pessoas em frente à casa para impedir que os membros fugissem.
 
Quando os extremistas do "Sena" bateram nos quatro cristãos até ficarem satisfeitos,  rasgaram as roupas deles e os fizeram desfilar por todo o local, enquanto continuavam a agredi-los", disse Edgar. "Enquanto faziam isso, eles arrastaram Ramesh Das Manikpuri de sua casa e também começaram a bater nele."

Ramesh Das Manikpuri, um pastor local, não estava participando daquele culto naquela manhã.

Alguns homens jovens da congregação conseguiram escapar e telefonar de um orelhão para alguns líderes cristãos de Raipur. Edgar, Arun Pannalal, Rakesh Jaiaj mais alguns outros líderes cristãos foram até o local para ajudar. Quando chegaram não encontraram os agressores, então foram até a delegacia de polícia para relatar o acontecido.

Mais tarde, os militantes do Dharma Sena tentaram forçar quatro dos cristãos a assinar um documento preparado afirmando que tinham sido envolvidos em conversões falsas e forçadas. Anmol Kamble e Kanhaiya Lal Sharma assinaram o documento, enquanto Rai e Manikpuri não o fizeram, de acordo com Arun Pannalal do Fórum Cristão de Chattisgarh. 

Aproximadamente às 13h30, os extremistas levaram os cristãos até a delegacia de polícia de Urla (onde os líderes cristãos que tinham ido ajudar, estavam esperando). Dos cinco cristãos capturados, somente quatro chegaram até a delegacia, já que os extremistas liberaram Ram Vilas Yadav. A polícia liberou Masih e Ramesh para tratamento médico, pois tinham sofrido as piores agressões. Anmol e Kanhaiya foram liberados após interrogatório. Eles foram ameaçados novamente pelos militantes do "Sena" assim que retornaram da delegacia.

Depois de receberem tratamento médico, Masih e Ramesh foram detidos na delegacia para responder a um interrogatório. As autoridades não registraram acusações contra o Dharma Sena, apesar dos pedidos insistentes por parte dos lideres cristãos.

Liderado por Leela Dhar Chandrakar, o Dharma Sena tem sido muito ativo contra os cristãos.

Pastor agredido é detido

Também no domingo, um grupo de 15 extremistas do Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS) atacou um pastor no distrito de Jhabua, no Estado de Madhya Pradesh.

A polícia recusou-se a deter qualquer um dos militantes hindus, mas, ao contrário, deteve o pastor por mais de 10 horas por "perturbar a paz pública".

O pastor Anil Mehra, do Grupo Evangélico Indiano (IET), havia acabado de começar o culto em sua casa, às 10h30 horas, quando um vizinho identificado como Raju, chegou e interrompeu o encontro, conta Biju Varghese, coordenador do IET do distrito de Jhabua.

Anil Mehra mora em Bhabra, subdistrito de Jhabua. Havia somente sete pessoas em sua casa quando o ataque aconteceu. "Logo um líder da RSS, Inder Singh Dawar, veio com um grupo de 15 pessoas e começou a agredi-lo", disse Biju Varghese. Os extremistas bateram na cabeça de Anil, chutaram e esmurraram-no. Uggar Singh, morador na vila vizinha de Temahi, foi acusado de ameaçar cortar a garganta de Anil.

Quando o pastor Anil disse aos agressores que estava conduzindo o encontro de forma pacífica em sua própria casa alugada, eles o arrastaram para fora. Os agressores também obrigaram a outros, incluindo a esposa e os filhos do pastor, a sair da casa.

Os assaltantes mandaram que Anil trancasse a casa e se sentasse quieto na varanda. Então chamaram a polícia e o acusaram de fazer barulho excessivo.

"Quando dois policiais chegaram, também bateram em Anil Mehra", contou Biju Varghese. "Depois disso, eles o levaram na sua moto até a delegacia de Bhabra, onde Anil esteve trancado por mais de duas horas."

Às 15h30, a policia amarrou as mãos do pastor Anil atrás das costas com uma corda e o levaram de moto até o "Tehsildar", ou chefe da subdivisão da sede administrativa de Jobat, aproximadamente a 100 quilômetros de Bhabra, já que o oficial de Bhabra estava ausente naquele momento.

Como a polícia e Anil chegaram a Jobat às 18 horas, foram informados que o "Tehsildar" de Bhabra havia retornado. Então a polícia levou Anil de volta a Bhabra.

Já na casa do oficial, a polícia pegou a assinatura de Anil em um papel em branco e disseram para ele voltar em 12 de dezembro para uma audiência com uma testemunha e um fiador. Então ele foi liberado.

Quando Compass conversou com o líder policial Devi Singh, ele negou que Anil Mehra tivesse sido atacado.

"Alguns moradores da vila reclamaram que Anil os estava incomodando por fazer muito barulho e então nós o detivemos", ele disse. "Mas ninguém bateu nele, e nenhuma organização está por trás disso."

Devi Singh admitiu, entretanto, que a polícia havia amarrado as mãos do pastor Anil enquanto o levavam para Jobat. "Havia uma multidão protestando contra ele, então fomos compelidos a amarrar suas mãos para manter a paz", contou o policial.  O oficial do posto, Arti Rana, não foi autorizado a comentar nada com a imprensa.

Jhabua testemunhou uma enxurrada de violência contra os cristãos em janeiro de 2004, quando o corpo de uma garota de 9 anos de idade foi achado no terreno de uma missão católica. Apesar da prisão de um homem que assumiu a responsabilidade do assassinato, extremistas hindus continuam a responsabilizar oficiais católicos pela morte da garota.

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