Portas Abertas • 21 dez 2005
Após quatro meses do início do estopim da guerra religiosa entre evangélicos e católicos no povoado de San Nicolás, município de Ixmiquilpan, as brasas do conflito continuam acesas e as 44 famílias evangélicas sob ameaça de expulsão.
"Só faz falta que alguém venha avivar o fogo", disse o representante da igreja evangélica de San Nicolás, Guillermo Cano Hernández, ao diário El Universal. Ele teme um enfrentamento de maiores proporções.
O caso teve início no dia 19 de agosto, depois do falecimento do líder evangélico Ponciano Rodríguez Escamilla. O delegado da comunidade, Pedro Beltrán Ibarra, negou aos familiares a permissão de sepultá-lo no cemitério local. A maioria da comunidade é católica.
Ao incidente sucederam-se ameaças dos católicos de expulsar os evangélicos da localidade, acusadas de não contribuírem com a comunidade e com a população. Aos evangélicos também foi proibida a construção de templo.
No dia 28 de agosto, assembléia geral que reuniu cerca de 1,2 mil vizinhos católicos decidiu desalojar do povoado os 250 evangélicos, sob o argumento de que "não são bem-vindos" porque não cumprem com as tarefas comunitárias nem pagam as cotas.
Os atos de intolerância provocaram a mobilização da igreja evangélica nacional, com jornadas de oração e manifestações perante autoridades federais e estaduais.
Para Cano Hernández, os costumes do vale do Mezquital são parte do problema, já que a comunidade, que é católica por herança, "não aceita a chegada de novas igrejas e muito menos que se construa um templo evangélico de oração".
Os evangélicos têm a permissão das autoridades do Estado para a construção do templo. "O desconforto do delgado (Pedro Beltrán) deu-se porque não pediram a permissão para ele", opinou Hernández. Os evangélicos servem de "bucha de canhão" desde 1940 para os católicos de San Nicolas, disse.
Beltrán assegurou que em San Nicolás não existe qualquer conflito. Como prova, disse que foi permitido, há semanas, que um evangélico fosse sepultado no cemitério local, depois que seus familiares apresentaram os recibos das contribuições ao povoado.
"Os católicos só pedem o justo, que os evangélicos cooperem para a festa religiosa do santo patrono San Nicolás e para as obras da comunidade", explicou o delegado.
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