Portas Abertas • 23 fev 2006
Os cristãos podem desempenhar um importante papel na busca da paz no Oriente Médio, estudando os dois lados do conflito com equilíbrio e discernimento, aproximando os povos com sensibilidade e compreensão, disse à ALC o rabino Henry Sobel.
Um encontro inter-religioso, como o diálogo promovido pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI) na sua Assembléia reunida em Porto Alegre, é uma nova chance à paz. A igreja, a sinagoga e a mesquita devem abrir o caminho para a paz, ponderou.
Sobel defende dois Estados -Israel e Palestino- para os dois povos. O presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista (Cip) declarou que a paz é coisa séria demais para ficar só nas mãos dos políticos e que sem diálogo não pode haver paz.
A vitória do movimento radical Hamas nas eleições parlamentares de 25 de janeiro representa um grande e preocupante ponto de interrogação, admitiu o rabino. O Hamas não reconhece o direito de Israel existir, e se não houver reconhecimento de ambos, sublinho, ambos os lados, não pode haver diálogo, vaticinou.
Sobel esteve na IX Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), onde divulgou carta de apoio ao povo muçulmano e de repúdio às publicações das caricaturas de extremo mau gosto do profeta Maomé em jornais europeus.
O líder do rabinato paulista reconhece a importância da liberdade de expressão, mas quando desacompanhada de respeito ao próximo ela pode ser destrutiva. A publicação das caricaturas é legal, mas Sobel questiona o discernimento, a sensibilidade e a responsabilidade cívica de quem as publicou. A liberdade tem limites, frisou na carta.
Quanto à IX Assembléia, o rabino ficou satisfeito em ver que a questão do Oriente Médio e a tensão entre israelenses e palestinos não integre oficialmente a pauta do encontro. Como autoridade no estudo das Escrituras, ele destacou que os estudos bíblicos desenvolvidos no evento são estimulantes e plurais.
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