Evangelista chinês escapa da vigilância do governo

Portas Abertas • 9 mar 2006


Gao Wei (nome fictício) foi um líder cristão ativo por vários anos em uma grande cidade chinesa até 2004. Agora ele está pedindo asilo político em um país do ocidente.

Seu pedido pode espantar aqueles que imaginam que a China fez progressos em relação à liberdade religiosa nos últimos anos.

Wei serviu por cinco anos em uma grande igreja do Movimento Patriótico das Três Autonomias (controlada pelo Estado). Ele ministrava para jovens quando um avivamento espiritual em 1999 levou muitas pessoas para Cristo. Isto chamou a atenção do Serviço de Segurança Pública (SSP) - que mandou um agente disfarçado para a igreja de Wei, mas ele "ficou do lado de fora porque seu rosto estava frio e sem expressão comparado com a congregação."

"Sua presença me assustou porque ele tirou uma foto minha no altar", escreveu Wei.

Agentes disfarçados geralmente monitoravam tanto a Igreja dos Três Poderes quanto a igreja doméstica não registrada, de acordo com Wei.

Depois desse susto, Wei se matriculou em um seminário fora do país, mas sua correspondência estava sendo monitorada. Ele descobriu que seu nome estava na lista do governo. O pastor da Igreja dos Três Poderes identificou-o como um causador de problemas.

Wei se juntou a uma igreja doméstica na mesma cidade. Ele começou a treinar jovens em um curso regular de formação espiritual em sua casa todos os sábados. Ele imprimiu seu próprio material, o que era ilegal.

Mais tarde ele descobriu que um de seus colaboradores era um espião do SSP. Este homem ia a todas as igrejas controladas pelo governo, assim como às igrejas domésticas, mas nunca se estabelecia em uma delas. Finalmente, amigos na igreja oficial e nas igrejas domésticas que tinham contatos no SSP descobriram o trabalho desse homem e avisaram Wei.

O SSP aumentou sua vigilância: depois de meados de 2003, Wei descobriu que seu telefone estava grampeado, assim como os telefones de seis de seus colaboradores. Até seus telefones celulares estavam grampeados. Seus pais estavam tão assustados que pararam de se comunicar com ele. Em setembro de 2003, a vigilância era tão assustadora que ele se sentiu forçado a deixar a cidade.

A fuga

Wei se tornou um evangelista itinerante no sul da China, onde ele realizava muitos encontros e batizava muitos novos convertidos.

Ele também ajudou a fundar uma escola bíblica clandestina para o treinamento de líderes das igrejas domésticas de diferentes províncias. Wei relatou: "Por razões de segurança os estudantes moravam em uma grande casa com quatro quartos. As janelas e cortinas estavam sempre fechadas para evitar que os vizinhos olhassem para dentro da casa. Os alunos não podiam sair da casa durante o dia".

Em março de 2004, em duas ocasiões a escola bíblica foi revistada pelos agentes do SSP que checaram as identidades dos estudantes e reviraram tudo. Wei contou: "Eu fiquei apavorado. Eu estava vestindo roupas esportivas como os alunos. Os oficiais não me reconheceram. Então um estudante que queria me proteger se levantou e disse que era o professor. Eles o espancaram e tentaram prendê-lo".

Wei e os alunos foram forçados a ficar de pé contra a parede e finalmente foram liberados, mas a escola foi fechada, e eles secretamente se mudaram para outra província.

Wei se mudava constantemente para evitar a prisão. Em 15 meses ele se mudou 15 vezes para escapar do SSP. No último lugar ele batizou quatro jovens, mas as autoridades o descobriram.

"Às 5 horas da manhã, fui acordado pelo Espírito Santo e impulsionado a pegar minhas coisas e deixar a casa imediatamente. Deus me disse para fugir levando meu passaporte e computador. Um carro da polícia veio e parou em frente à porta principal, três oficiais entraram em meu prédio. Eu acredito que Deus fechou os olhos deles quando eu saí do prédio vestindo minhas roupas de dormir."

Wei estava sob grande pressão da sua família para confessar ao governo suas atividades em troca de um tratamento mais condescendente, mas ele se recusou.

"Eu amo muito a Deus, e não desistirei mesmo que eles me prendam por 10 anos. Eu não sou culpado de nenhum crime. Eu não negarei ao meu Senhor."

Finalmente, no final de 2004, amigos cristãos de outros países souberam dos problemas de Wei e fizeram um pedido oficial para que estudasse fora do país. Ele pôde deixar a China. Depois de muita ponderação e de se aconselhar com amigos cristãos, ele finalmente pediu com muita relutância asilo político.

"Eu amo a China e amo o povo chinês. Eu ainda quero voltar para minha casa e família, mas ainda estou na lista negra do governo e não quero trazer problemas para minha família."

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A Portas Abertas é uma organização cristã internacional e interdenominacional, fundada pelo Irmão André, em 1955. Hoje, atua em mais de 60 países apoiando cristãos perseguidos por causa da fé em Jesus.

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