Bispo anglicano sobrevive a quarto ataque de extremistas

Portas Abertas • 26 abr 2006


O último ataque contra o reverendo Ali Buba Lamido, de 47 anos, bispo anglicano da diocese de Wusasa, no Estado de Kaduna, começou como os outros três ocorridos no ano passado: homens armados, quem ele acredita que sejam militantes muçulmanos, disseram aos guardas da casa onde ele estava para avisar que eles iriam matá-lo.

Sem se preocupar com a discrição em um Estado extremamente islâmico como Kaduna, os agressores dispararam para o ar, e então, golpearam os funcionários do bispo no pátio. Dessa vez, no último 10 de março, um dos seus convidados, Samaila Gandu, foi morto a tiros. O guarda James Daso e um outro funcionário, Bulus Moses, ficaram seriamente feridos.

Esse fato ilustra como os militantes muçulmanos têm agredido clérigos cristãos, disse Ali Buba.
 
"É difícil acreditar que não tenham sido motivados por razões religiosas, porque alguns bispos foram atacados e um padre foi morto de maneira parecida", disse ele. "E os assassinos nunca roubaram nada de suas casas."
 
O reverendo também contou ao Compass, que os quatro ataques contra sua casa desde abril de 2005 não envolveram nenhuma tentativa de roubo. "No meu próprio caso, sou o único líder cristão fulani no país, e presumo que isto tenha provocado muitos líderes muçulmanos", disse ele. "Em todo o vilarejo de Wusasa, a única casa que tem sido atacada é a minha, e nenhuma outra".
 
Com base próxima da cidade de Zaria, Ali Buba preside a diocese de Wusasa da Igreja da Nigéria (Comunhão Anglicana), na qual 98% dos membros provêm da comunidade indígena hausa, no norte da Nigéria. Os cristãos estão em minoria entre os étnicos hausa e fulani, ambos compostos principalmente de muçulmanos.

Ali Buba está entre os poucos líderes cristãos sinceros no norte da Nigéria, que persistentemente denuncia a perseguição aos cristãos. Muitos acreditam que as invasões de sua casa estão relacionadas com sua posição sincera.

O bispo disse que sabia que os agressores pretendiam atirar nele, no momento em que "eles disseram isto aos guardas". Os supostos militantes "conversaram com eles para saber onde eu estava", disse ele.

Ali Buba contou ao Compass que a polícia não efetuou nenhuma prisão em relação aos ataques.

Filho de um clérigo muçulmano

Como o único membro da tribo fulani de origem islâmica que é bispo na Comunhão Anglicana, Ali Buba dirige uma diocese que tem 160 congregações, com uma estimativa de 60 mil membros, 60 sacerdotes e 30 evangelistas leigos.

Seu pai foi um clérigo muçulmano, e sua mãe, também muçulmana, "ainda ensina o Alcorão aos muçulmanos", disse ele.

Nascido na dinastia fulani Lamido, no Estado de Adamawa, no norte da Nigéria, quando tinha 5 anos, Ali Buba foi levado pela tia, Mary Musa, que o criou. O marido dela era capelão muçulmano no exército nigeriano antes de o casal se tornar cristão. A perseguição forçou a família Musa a sair da base militar de Kano e mudar-se para o vilarejo de Vom, um centro de missões cristãs no Estado de Plateau, região central da Nigéria.

Ali Buba, que estudou o Alcorão enquanto vivia na casa de sua tia, entrou em contato com o evangelho e finalmente recebeu a Jesus Cristo aos 15 anos, com sua tia liderando-o em oração.

O bispo recebeu sua educação teológica no Instituto Cristão em Jos, no Seminário Teológico ECWA, na Universidade de Jos, e na Escola Episcopal para o Ministério em Pittsburgh, na Pensilvânia. 


Proteção aos convertidos

Apesar da oposição de líderes muçulmanos aos esforços de evangelização cristã em Zaria e em outras localidades, há muçulmanos que desejam compreender a fé cristã, disse Ali Buba.

"Apesar das dificuldades", disse ele, "há grande aceitação do evangelho e compreensão de Jesus como Senhor e Salvador das pessoas, mesmo entre os muçulmanos".

O reverendo afirma que a resistência islâmica ao evangelho no norte da Nigéria é mais um problema político do que a rejeição ao cristianismo pelos muçulmanos comuns. Segundo ele, "há muçulmanos que querem se tornar cristãos, mas temem a perseguição de seus líderes".

Alguns dos 100 ex-muçulmanos de sua igreja em Wusasa, disse ele, vieram de igrejas anglicanas em Zamfara, em Katsina e em outros Estados onde a perseguição é grave. Sua igreja está cuidando deles e ensinando-lhes a Bíblia e alguns deles foram matriculados em escolas.

"Temos 100 muçulmanos convertidos aqui; dez vieram de Zamfara e de Katsina", disse o reverendo. "Temos integrado esses ex-muçulmanos na igreja e matriculado alguns deles nas nossas escolas de primeiro grau, uma vez que a maioria não teve o privilégio de receber educação ocidental. Estamos preocupados com a segurança deles, já que alguns tiveram suas terras desapropriadas quando se tornaram cristãos".

O maior problema que a igreja enfrenta, disse ele, é como proteger esses convertidos dos perigos dos militantes muçulmanos.

"Apesar das dificuldades, há muçulmanos preparados para receber Jesus Cristo", disse ele. "O problema é saber onde mantê-los, por causa da intensa perseguição nesta parte do país".

A Sociedade Missionária da Igreja (CMS), da Igreja da Inglaterra, iniciou o trabalho missionário no vilarejo de Wusasa em 1900. Os missionários focalizaram o grupo étnico hausa de influência muçulmana.

Os hausas que aceitaram o cristianismo e rejeitaram o islã passaram a ser chamados de "maguzawas", um nome na língua hausa, descrevendo-os como aqueles que fugiram do islã.

Com base no trabalho desses missionários em Wusasa, disse Ali Buba, surgiram o primeiro médico, o farmacêutico, o diplomata, e outros pioneiros vieram da igreja em Wusasa, no norte da Nigéria.

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