Cristãos condenam a desigualdade na aplicação de lei religiosa

Portas Abertas • 2 mai 2006


John Dayal, presidente do Conselho Geral de Católicos da Índia, registrou uma queixa contra L.K. Advani, ex-deputado e atual líder da oposição no Parlamento por ferir os sentimentos religiosos de cristãos.
 
Registrada em 12 de abril, a queixa está baseada em um comentário em que Advani fez a respeito das recentes dificuldades do Bharatiya Janata Party (BJP) no início de abril. Nas suas observações, transmitidas em rede nacional de TV, Advani disse que "nósfomos crucificados também em uma sexta-feira, mas também ressurgimos também em um domingo".
 
Seus comentários referiam-se à derrota do BJP durante as últimas eleições gerais - realizadas em uma sexta-feira, em abril de 2004 - e às vitórias obtidas pelo BJP nas eleições recentes - realizadas em um domingo - nos Estados de Gujarat e de Rajasthan. John Dayal entendeu que os comentários feitos repetidamente na semana anterior a Páscoa foram um insulto deliberado ao cristianismo.
 
John Dayal alega que as seções 153(a) e 295(a) do Código Penal Indiano, que torna a insensibilidade religiosa uma ofensa criminal, têm sido aplicadas aos cristãos e freqüentemente com motivos espúrios, mas não aos extremistas que insultaram publicamente a fé cristã.

Ameaça à sociedade
 
Por exemplo, o reverendo Samuel Thomas, presidente da Missão Internacional Emanuel (EMI, sigla em inglês), foi preso em 16 de março sob acusações de ferir os sentimentos religiosos dos hindus. Vários outros funcionários da EMI foram presos com relação ao livro Haqeeqat, encontrado nas dependências da EMI, que supostamente denigre deuses hindus.

Não há casos conhecidos de extremistas hindus que tenham sido presos por ferir os sentimentos religiosos de cristãos.
 
John Dayal registrou uma queixa na polícia em Déli e em Gujarat.
 
Sem se intimidar com as acusações, em 17 de abril, Advani fez uma declaração pública alegando que uma campanha de conversão por parte de grupos evangélicos estrangeiros estava ameaçando a sociedade hindu, e por isso, a necessidade de exigir que a legislação nacional impedisse conversões religiosas forçadas ou fraudulentas.
 
Advani particularmente tinha como alvo o ministro chefe Y.S. Rajasekhar Reddy, do Estado de Andhra Pradesh, alegando que o Estado havia observado um imenso aumento de conversões ao cristianismo desde o advento do governo de Reddy. "Eu condeno enfaticamente essa campanha, que traz uma grande ameaça à sociedade hindu", disse Advani.
 
Notável ativista dos direitos humanos, o padre Cedric Prakash disse ao Compass que "a mentalidade de pessoas como Advani claramente demonstra que não há absolutamente nenhum respeito ou espaço para aqueles que pertencem a outras crenças. Nunca houve dúvida que Advani é o grande responsável pelas tensõesna comunidade neste país. Também não é novidade que ele gosta fazer declarações anticristãs inflamadas".
 
Ele continuou: "Seria absolutamente surpreendente se a polícia em Gujarat tomasse conhecimento da queixa registrada contra ele. Muitos da polícia contribuem com a ideologia de Advani".
 
Discriminação difundida

Indira Iyengar, membro da Comissão das Minorias do Estado de Madhya Pradesh, também registrou uma queixa sobre a atitude do governo estatal em relação aos cristãos.
 
"A atitude negligente da administração, baseada nas ordens do partido governante e nos grupos fundamentalistas, é a causa principal do aumento de atrocidades contra os cristãos no Estado", escreveu Iyengar em uma carta ao secretário chefe de Madhya Pradesh, em 24 de abril.
 
Crimes e atrocidades contra cristãos aumentaram 56% no primeiro trimestre deste ano, comparado com o mesmo período em 2005.
 
Iyengar apontou que os cristãos no Estado estavam sendo impedidos de realizar reuniões em suas casas. Em 18 de abril, o pastor Avinash Lal e seis outros cristãos foram presos por realizar "reuniões domésticas". Entretanto, os rituais de adoração hindu são realizados em casas particulares durante séculos e continuam sem que haja nenhuma perturbação.
 
Os cristãos em Jabalpur, um dos maiores centros do cristianismo no norte da Índia, também estão enfrentando momentos difíceis. Em 20 de abril, o Congresso Cristão de Jabalpur divulgou uma declaração na imprensa expressando uma grande preocupação quanto aos maus-tratos aos cristãos no primeiro trimestre do ano pela polícia e extremistas hindus. Em vários casos, a polícia invadiu as casas dos cristãos, surrando-os e prendendo-os por realizar cultos.
 
Grupos extremistas hindus, tais como o Bajrang Dal, Vishwa Hindu Parishad (VHP ou Conselho Mundial Hindu) e Dharma Sena, incentivados por ações policiais, rasgaram cartazes de Jesus Cristo, insultaram publicamente as escrituras cristãs, destruíram propriedades de cristãos e ameaçaram fisicamente os seguidores do cristianismo.
 
Em 23 de abril, uma edição do Organiser, o porta-voz do grupo extremista Rashtriya Swayamsevak Sangh, divulgou um artigo do presidente internacional do VHP, Shri Ashok Singhal acusando a igreja de usar meios fraudulentos para converter as pessoas, especialmente em áreas tribais e exigindo a proibição total das conversões na Índia.

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