Grupos étnicos do Nepal querem Estado secular

Portas Abertas • 18 mai 2006


O primeiro-ministro interino do Nepal, Girja Prasd Koirala, aceitou avaliar o pedido de grupos étnicos de dar ao Nepal a condição de um país secular. A Constituição, que assegura liberdade de culto, descreve o Nepal como um "reino hindu", ainda que não estabeleça uma religião de Estado.

A declaração do primeiro-ministro foi feita em 15 de maio, quando centenas de membros do Comitê de Nativos Nacionalistas (INJSC) protestavam do lado de fora de sua residência. Esse grupo, que inclui várias religiões e etnias, apresentou a Koirala um memorando que exige a transformação do reino em um Estado secular.

Prithvi Subba Gurung, um dos líderes do INJSC, disse ao AsiaNews que as garantias de mudança dadas pelo primeiro ministro "geraram um grande otimismo entre as etnias do Nepal". Ele declarou: "Temos a firme convicção de que apenas um Estado secular nepalense pode pôr fim às numerosas discriminações implícitas e explícitas a que os grupos étnicos estão sujeitos, garantindo direitos e oportunidades iguais a todos, independente da religião".

Mosaico étnico

O budista Pushar Tamang disse que o Nepal é um mosaico étnico. Em 2001, foram registradas 61 etnias, que falam um total de 120 línguas, com diferentes religiões e formam um total de 50% da população. Apenas metade dos nepalenses têm o nepali como língua-mãe e cerca de 20% sequer usam esse idioma. Desde o início, quando foi fundado o estado unificado do Nepal, em 1769, a monarquia da capital Kathmandu, oriunda das altas castas hindus, sempre quis impor não apenas seu idioma, mas sua matriz cultural e religiosa ao restante do país. O mais difundido slogan é: "Uma nação, um traje, uma língua!"

Pushar disse que o conceito de "democracia total" que desencadeou os protestos contra o rei "seria reduzido a uma farsa se o Nepal não se declarar um Estado secular". Ele acrescentou que apenas "líderes da monarquia" queriam insistir em que o Nepal permanecesse como um reino hindu, porque eles "esperavam ajuda dos nacionalistas hindus da Índia em caso de uma crise".

Em 15 de maio, uma aliança de sete partidos de oposição que formam o governo interino fixou o dia 18 de maio como a data de apresentação e votação da resolução que limita os poderes da coroa: entre outras coisas, o rei deve perder o controle do exército e também a imunidade.

Em fevereiro de 2005, o rei Gyanendra demitiu o primeiro-ministro e assumiu o controle absoluto da nação. Ele justificou sua atitude citando a incapacidade do governo de combater a corrupção e a revolta maoísta. Depois de meses de violentos protestos, em abril, o monarca concordou em formar um novo parlamento.

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