Igrejas domésticas chinesas continuam a sofrer batidas policiais

Portas Abertas • 31 jul 2006


Na semana passada, a Associação de Ajuda à China (CAA, sigla em inglês) informou que as invasões do governo de duas igrejas domésticas resultaram na prisão de cerca de 80 cristãos.

Em 21 de julho, seis policiais, incluindo dois funcionários à paisana, interromperam um culto de 43 pessoas na província de Hubei, ao sul de Pequim, e detiveram 20 deles, segundo a CAA. Oito dos membros da congregação foram condenados de 10 a 15 dias de prisão, enquanto o restante foi libertado por volta das 17h30 daquele dia. A polícia também confiscou os livros cristãos das casas.

Na província de Henan, em 19 de julho, as autoridades detiveram e interrogaram mais de 60 membros de igrejas domésticas, contou a CAA. Eles foram libertados mais tarde nesse mesmo dia.

De maio de 2005 a maio de 2006, mais cristãos foram presos em Henan do que em qualquer outra província, com 11 incidentes de perseguição, resultando em 823 prisões, segundo uma informação recente da CAA. Henan é responsável por 42% do número total das prisões confirmadas de cristãos protestantes em todo o país.

Números elevados

Especialistas sobre a China apontam que funcionários corruptos da Secretaria de Segurança Pública (PSB) em Henan são conhecidos por regularmente prender cristãos e cobrar-lhes multas onerosas. A renda anual média de um fazendeiro em Henan é somente de aproximadamente US$ 250, mas as autoridades cobraram-lhes centenas e até mesmo milhares de iuans (comercializado em cerca de 8 por um dólar americano); freqüentemente, seus móveis, posses e gado são arbitrariamente confiscados.

Hubei teve o quinto maior número de cristãos presos durante esse período, segundo uma pesquisa, com dois incidentes, resultando em 44 prisões.

Surpreendentemente, Xinjiang teve o segundo maior número de prisões de cristãos - 254 em cinco incidentes de perseguição - em parte, por causa do vigoroso crescimento das igrejas domésticas entre os chineses étnicos Han, em uma província cuja população tradicionalmente muçulmana tem atraído grande controle governamental. Observadores notam que a disponibilidade de pesquisa detalhada sobre a área pode ser um outro fator significativo no alto número de detenções.

As províncias com os terceiro e quarto números de cristãos perseguidos, conforme a CAA, são a de Jilin com 640 prisões e a de Heibei com 150.

Em Jilin, um grande número das pessoas detidas durante este período foi de estudantes e professores de universidades locais. Observadores da China estão incertos sobre se isto representou um ato de repressão local e não um projeto-piloto deliberado para restringir o crescimento do cristianismo evangélico nos campi das faculdades e das escolas por toda a China.

Políticas severas

Embora somente três cristãos tenham sido presos em Pequim durante o período, o fato de que houve quatro incidentes de perseguição alarmou os contatos da CAA dentro da China. A Igreja da Arca foi invadida, apesar de seus líderes - todos intelectuais - terem previamente expressado algum desejo de registrar a igreja junto às autoridades, para que ela pudesse empreender alguns projetos de bem-estar social.

Também em Pequim, em novembro de 2005, o pastor Cai Zhuohua foi condenado por imprimir milhares de Bíblias e outros livros cristãos. Tais ações governamentais não dão nenhuma confiança aos observadores de que a China afrouxará as políticas severas antes dos jogos olímpicos em Pequim, em 2008.

Ao todo, a CAA lista 37 incidentes de perseguição em 15 províncias chinesas. O número de cristãos presos durante o período foi de 1.958, embora especialistas acreditem que seja improvável que as outras 16 províncias não tivessem nenhum incidente de perseguição. Eles acreditam que um número de casos não documentados aumentaria consideravelmente esse total.

Preso por imprimir livros

Notavelmente, a CAA informou que o conhecido pastor da igreja doméstica Wang Zaiqing, de Haozhou, província de Anhui, foi preso em 26 de maio por "práticas de negócios ilegais" - impressão e distribuição de materiais cristãos.

Pregador e plantador de igrejas em Anhui e nas províncias vizinhas no leste da China, o pastor Wang Zaiqing imprimia e distribuía livros cristãos com o objetivo de suprir as necessidades de impressos cristãos aos cristãos que aumentavam nas igrejas domésticas.

Em 25 e 26 de abril, os funcionários da PSB invadiram sua casa, confiscando hinários, livros cristãos e o teclado de sua filha. Na primeira ocasião, tanto ele como a sua esposa foram intimados para interrogatório pela PSB da cidade de Huainan, em Anhui. Eles foram acusados de "impressão ilegal, publicação e distribuição de material de propaganda cristã".

Ao meio-dia de 28 de abril, as autoridades prenderam o pastor Wang, que se tornou deficiente na idade de 5 anos devido à poliomielite e caminha com uma muleta. Entretanto, sua esposa não recebeu notificação formal de sua detenção senão um mês depois, em 26 de maio. Ele estava preso no Centro de Detenção Número 1 na cidade de Huainan.

O pastor Wang foi detido sob acusações similares àquelas feitas contra o pastor da igreja doméstica de Pequim, Cai Zhuohua, que foi condenado no ano passado a três anos de prisão por imprimir materiais cristãos. Em 26 de abril, um outro líder de igreja doméstica, Liu Yuhua, da província de Shandong, também foi preso sob acusações similares.

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