Portas Abertas • 21 set 2006
Nessa semana, continuaram os ataques contra cristãos em Madhya Pradesh. Hindus extremistas atacaram pelo menos três reuniões cristãs.
Um total de oito cristãos foram acusados de conversão forçada ou de ferir os sentimentos hindus. Um foi solto sem acusações e outros quatro foram liberados sob fiança, enquanto três permanecem sob custódia da polícia.
Na terça-feira (12 de setembro), a polícia no distrito de Jabalpur, Madhya Pradesh, deteve o pastor da Assembléia de Deus, Venkatesh Kumar Sadhu, depois que extremistas o acusaram de conversões forçadas.
Uma família da vila de Ghama Thana tinha pedido para Venkatesh fazer uma visita e orar por um membro da família que estava doente. Enquanto ele orava, membros do grupo extremista hindu Barjang Dal chegaram, atacando o pastor e danificando sua motocicleta.
O grupo então prestou queixa contra Venkatesh e o pastor foi levado à delegacia para ser interrogado. Quando a Comunhão Evangélica da Índia (EFI, sigla em inglês) foi informada, representantes telefonaram para a delegacia a favor de Venkatesh. A polícia assegurou a EFI de sua cooperação e liberou Venkatesh logo depois da meia noite, alegando não haver provas suficientes para confirmarem as acusações.
A polícia posteriormente chegou a admitir que os extremistas a pressionavam para processar cristãos como Venkatesh.
Ataque no distrito de Seoni
Dois dias antes, no domingo (10 de setembro), a polícia prendeu o pastor Haroon Jonathan e vários outros membros da família cristã em Bhargat, distrito de Seoni em Madhya Pradesh, depois de extremistas interromperem uma reunião em uma igreja doméstica.
Cerca de 70 extremistas invadiram a igreja naquele domingo e atacaram a congregação. Eles arrastaram Haroon e sua esposa Anita para fora da casa, junto com seus genro Sunil Prem e sua esposa Sunita.
Os extremistas aparentemente pertenciam à um novo grupo, o Jagran Harma Seva ou Serviço do Despertar da Fé.
Mohan Singh Patel, inspetor da delegacia em Bhargat, disse à agência de notícias Compass que os cristãos tinham sido detidos por ferir os sentimentos religiosos, promover animosidade religiosa e forçar a mudança de fé, segundo o Código Penal da Índia e as Seções 3 e 4 do Ato de Liberdade Religiosa de Madhya Pradesh.
Fontes locais informaram o Compass que a polícia alegou ter uma fita em que mostra Haroon exigindo que as pessoas se desfizessem de ídolos e imagem de deuses hindus.
Mohan disse que um residente local, Anoop Prajapati, tinha acusado os cristãos de encorajarem habitantes da vila a comer carne bovina - proibida aos hindus - e dizerem que eles morreriam caso adorassem deuses hindus.
"As pessoas naturalmente se enfureceram e os levaram até a delegacia", disse Mohan. "Demos queixa, e temos certeza de que as acusações procedem".
Os quatro acusados foram liberados sob fiança.
Ataque no distrito de Balaghat
Em um incidente isolado no dia 10 de setembro, cerca de 40 extremistas atacaram 15 cristãos que se reuniam na casa de Rekha Bai Kawde, uma cristã convertida da cidade de Balaghat, Madhya Pradesh.
Acusando esses cristãos de converterem hindus à força, os extremistas levaram Rekah e dois evangelistas - Durga Prasad Vanshpal e um homem identificado somente como Niware - à delegacia, onde ficaram detidos. A polícia aparentemente pressionou Rekha a depor, dando uma declaração de que tinha sido convertida à força.
No momento, os outros três ainda permanecem presos.
"Esses ataques durante reuniões de oração devem ser condenados veementemente", disse John Dayal, secretário do Conselho Geral de Cristãos da Índia. "Isso só confirma que a polícia e o sistema judiciário são totalmente influenciados por extremistas hindus."
Desde janeiro desse ano, os extremistas abriram 28 casos contra pastores e evangelistas em Madhya Pradesh.
O número de incidentes registrados cresceu significantemente desde que o Estado aprovou uma emenda ao Ato de Liberdade Religiosa da Madhya Pradesh no dia 25 de julho, tornando a lei mais rigorosa.
Em resposta, a EFI emitiu uma declaração nessa semana de que o diretor geral de polícia Swaraj Puri tinha assegurado que um procedimento legal apropriado seria observado em todos os casos. Isso incluía exames médicos para qualquer cristão que alegasse ser vítima de assalto.
A EFI e outras organizações cristãs, tal como o Conselho Global de Cristãos Indianos, irão monitorar as atividades da polícia nas próximas semanas para garantir que os cristãos sejam tratados de maneira justa, conforme a Constituição.
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