Portas Abertas • 14 nov 2006
No dia 1º de novembro, terroristas desconhecidos bombardearam a entrada de uma igreja católica em Mosul, destruindo três conjuntos de portas, assim como janelas da igreja, do monastério e da casa de hóspedes.
Uma fonte, que estava próxima da igreja por ocasião da explosão, contou ao Compass que o artefato explodiu às 19 horas e destruiu as portas de ferro exteriores do composto da igreja Dominican Clock e derrubou dois conjuntos de portas de madeira. O estrondo passou pelas janelas da capela do monastério, onde os padres dominicanos estavam realizando a oração da noite.
Ninguém ficou ferido na explosão.
"Toda a área ouviu a explosão, foi muito forte", disse uma testemunha da destruição, que falou ao Compass sob condição de anonimato na noite posterior ao ataque.
Os três padres dominicanos tinham retornado para a igreja para celebrar a missa no domingo (29 de outubro), depois de passar uma semana fora de Mosul para evitar a violência diária da cidade.
"Eles estavam com medo de seqüestro, mas nunca pensaram que algo aconteceria a eles se eles estivessem dentro do composto da igreja", comentou uma fonte próxima dos padres.
Os dominicanos acreditam que o ataque foi mais do que simplesmente um ato de violência ocasional, confirmou a fonte. "Você não explode uma bomba assim, a menos que esteja planejando algo mais", disse ele.
Ninguém se responsabilizou pelo ataque.
Convivendo com a violência
Temerosos de sofrerem mais violência, os padres dominicanos se mudaram para um dos vários vilarejos fora de Arbil, a 83 quilômetros de Mosul, na região curda ao norte do Iraque.
O movimento reflete uma crescente tendência entre os cristãos do país. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, 50 mil iraquianos fogem de suas casas todos os meses.
Milhares de famílias imigraram para a região norte como resultado do combate sectário em muitas cidades sulistas que, às vezes, atingem cristãos. Todavia, todas as semanas, os cristãos na cidade nortista de Mosul informam seqüestros, mortes e extorsão nas mãos de extremistas islâmicos.
Sacerdotes de Mosul contaram que não vestiam mais suas túnicas clericais na rua e raramente saiam em público.
Em outubro, um padre ortodoxo sírio foi seqüestrado e decapitado em Mosul, e uma igreja caldéia foi atacada.
"Tudo isso deu um fim ao nosso ministério apostólico em Mosul", contou um padre católico que solicitou anonimato.
Construídos em 1872, a Igreja do Relógio (Clock Church) de Mosul e a sua grande torre de relógio são quase um marco da ordem dominicana do país, estabelecida no Iraque mais de 250 anos atrás.
Contudo, uma fonte próxima à ordem dominicana contou ao Compass que os padres foram encorajados pelas novas oportunidades na região curda mais segura do Iraque.
"Há uma nova fome e sede entre os jovens no norte e isso tem falado aos seus corações", contou a fonte.
Um padre dominicano recebeu um convite para ministrar em cursos do seminário em um vilarejo cristão e para trabalhar com uma organização para pessoas com deficiências.
"É nosso dever não nos desesperarmos", disse um padre, compartilhando seu esforço para acreditar que Deus havia ouvido as orações da igreja por paz no Iraque. "O que eles podem fazer além de nos matar?".
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