Portas Abertas • 22 nov 2006
Dois militantes não identificados mataram ontem um cristão ex-muçulmano em uma estrada movimentada na vila Mamoosa, distrito de Barmullah, no aterrorizado Estado de Jammu e Caxemira.
"O engenheiro Bashir Ahmed Tantray, 50 anos, trabalhava para o departamento de energia do governo do Estado em Srinagar, a capital de verão de Jammu e Caxemira. Ele foi baleado e morto, aparentemente por militantes islâmicos, quando estava em um ponto de ônibus movimentado próximo à casa de seus pais, em Mamoosa", contou ao Compass uma fonte local.
De acordo com o relato de uma testemunha, dois jovens chegaram ao ponto de ônibus de motocicleta, por volta das 10h30, do dia 21 de novembro, e começaram a fazer perguntas a respeito do horário dos ônibus. Um dos militantes tirou uma pistola da jaqueta e disparou três tiros contra Bashir Tantray.
Atingido a queima-roupa, o cristão morreu enquanto os militantes fugiam do local.
Bashir, que se converteu a Cristo há uma década e se tornou um ativo obreiro cristão desde então, deixou esposa, duas filhas e dois filhos.
Reconhecido como obreiro cristão
O engenheiro, que trabalhava como voluntário em várias organizações cristãs, incluindo o Conselho Global dos Cristãos da Índia, era um dos mais conhecidos cristãos no vale da Caxemira.
"Cristãos e muçulmanos não têm dúvidas de que ele foi morto por causa de sua identidade como obreiro cristão", disse a fonte. "Receamos que sejamos mortos um por um. Entretanto, se temos de ser mortos, gostaríamos de morrer juntos, como um".
O cristão assassinato tido ido a Barmullah, no dia 20 de novembro, para visitar o pai, que está gravemente doente.
Os moradores da vila preparam um funeral de acordo com o costume muçulmano, temendo mais tensões caso ele fosse enterrado de acordo com a tradição cristã, disse a fonte, que acrescentou que os moradores respeitavam Bashir.
"Havia poucos cristãos , como se uma atmosfera de medo envolvesse a minúscula comunidade cristã da região depois de saber da notícia do assassinato", disse o cristão.
Ira contra conversões
A fonte acrescentou que o jornal "The Indian Express" e poucos outros jornais locais mencionaram o nome de Bashir em "reportagens falsas e exageradas" relacionando-o a "atividades de conversão" por organizações cristãs em 2003.
O jornal de circulação nacional "The Hindustan Times" também atribuiu a morte de Bashir a suas "atividades cristãs".
Bashir Tantray era "um grande evangelista que trabalhava para difundir o cristianismo em todo o vale", informou o jornal. "Ele supostamente influenciou grande parte da população de sua vila com sua nova fé".
O jornal disse ainda que a aldeia foi manchete em março de 2003, com reportagens sobre a conversão em massa dos moradores ao cristianismo. Os moradores negaram a conversão à nova fé, informou o jornal, acrescentando que alguns anciãos da vila admitiram em particular que algumas famílias tinham se convertido ao cristianismo.
Os anciãos alegaram que os benefícios financeiros foram a principal motivação para que eles aderissem à nova religião, relatou o jornal.
"Com o escândalo causado pelas conversões, Bashir, disse um morador, fugiu da vila e estabeleceu-se em Srinagar", informou o jornal. "Fontes disseram que ele continuou como parte do mecanismo cristão, e transferiu sua área de atuação para o distrito de Pulwama."
Estado marcado pela guerra
De acordo com o censo de 2001, há apenas 20.229 cristãos no Estado, que tem uma população total de mais de 10 milhões de pessoas.
Jammu e Caxemira tem sido atingido há tempos pelo confronto entre militantes separatistas e as Forças Armadas indianas, o qual resultou na morte de milhares de pessoas desde os anos 1990. O Exército indiano mantém um significativo número de tropas posicionadas estrategicamente, a fim de manter a lei e a ordem no Estado.
O Estado mais ao norte da Índia fica no centro de uma acirrada disputa territorial entre Índia, Paquistão e China. A Índia combateu em três guerras contra o Paquistão em 1947, 1965 e 1999, e uma contra a China pela Caxemira. A Índia, que considera todo o Estado como seu território soberano, controla metade da área de Jammu e Caxemira.
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