Sacerdote seqüestrado é libertado depois de seis dias

Portas Abertas • 14 dez 2006


Um sacerdote caldeu seqüestrado na frente de sua casa em Bagdá, na semana passada, foi libertado no domingo (10 de dezembro), informou a paróquia caldéia na sua página eletrônica oficial.

O padre Samy Abdulahad Al-Raiys foi libertado seis dias depois de ser seqüestrado à rua Al-Sinaa, nas proximidades da Universidade de Tecnologia de Bagdá, enquanto se dirigia para a sua paróquia.

"É o quinto sacerdote seqüestrado e dois foram mortos em Mosul", comentou um padre de Bagdá que solicitou anonimato. "Muitos de nós estamos amedrontados. Estamos nos perguntando: Quem será o próximo?"

Os funcionários da paróquia de Bagdá estavam indisponíveis para comentários, e a condição física de Al-Raiys e as circunstâncias específicas de sua libertação permanecem desconhecidas.

Al-Raiys trabalhou como reitor do seminário caldeu de Bagdá e foi professor de teologia na Faculdade de Babel. A data para iniciar as aulas no seminário estava marcada para a semana passada, já que o aumento da violência atrasou o início de semestre programado para setembro.

As aulas de Al-Raiys foram mais uma vez adiadas devido à sua ausência, segundo informou a agência de notícias Asia News. Conforme a agência, o seminário e a faculdade haviam recentemente mudado para Nova Bagdá, no leste da capital, a fim de evitar a violência diária que atingiu Dora, o distrito da cidade tradicionalmente cristão.

Negócio lucrativo

Al-Raiys é o sétimo clérigo iraquiano a ser seqüestrado desde julho. Seu desaparecimento aconteceu somente cinco dias depois que o padre caldeu de Bagdá Doglas Yousef Al-Bazy foi libertado, em 29 de novembro.

"Seu nariz foi quebrado e ele teve que ser submetido a uma operação", contou uma fonte cristã ao Compass. Solicitando anonimato, a fonte disse que Al-Bazy se mudou temporariamente para o norte do Iraque, onde ele está vivendo com parentes e se recuperando de seu seqüestro.

Permanece obscuro se a igreja ou a família pagou resgate em dinheiro para a libertação dos dois sacerdotes.

"Se os seqüestros ocorreram por razões políticas, os criminosos os teriam matado ou exigido algo para si", comentou um cristão iraquiano que está monitorando a violência contra sua comunidade. "Mas quando eles foram libertados e você não sabe como, então, isto deve significar que os seqüestradores estão obtendo dinheiro em troca".

O observador, que solicitou anonimato, disse que esperava que um outro padre fosse seqüestrado dentro de alguns dias. "Eu acho que eles irão exigir cada vez mais dos padres, porque é um comércio muito bom".

Embora os cristãos sejam alvos por causa de sua fé, um sacerdote de Bagdá confirmou aos Compass que dinheiro também é uma causa importante para os seqüestros de padres.

"A situação não é somente entre cristãos e muçulmanos. Nós também somos alvos das gangues", disse ele. "Toda a vez que eles seqüestram um padre é para obter mais dinheiro".

O padre Saad Sirop, um clérigo caldeu seqüestrado em agosto, foi libertado somente depois que a igreja pagou uma quantia de dinheiro não especificada.

Seqüestrar se tornou um negócio lucrativo no Iraque, onde os ocidentais seqüestrados freqüentemente pagam os mais altos resgates. No dia da libertação de Al-Raiys, quatro sul-africanos que trabalham em uma empresa de segurança foram seqüestrados juntamente com cinco iraquianos quando seu comboio foi parado em uma barreira na estrada.

Motivo de vingança

Nem todos os clérigos seqüestrados têm a oportunidade de comprar sua liberdade. Em 30 de novembro, o corpo de um presbítero da Igreja Presbiteriana de Mosul foi descoberto em uma rua de uma cidade com um ferimento à bala na cabeça. No mês anterior, um padre sírio ortodoxo, da mesma cidade, foi brutalmente assassinado e seu corpo  decapitado foi deixado em frente à sua igreja.

Nos dois casos, os seqüestradores negociaram resgate em dinheiro, mas finalmente mataram seus cativos, mencionando vingança a um discurso do papa na Universidade de Regensburg, em setembro, considerado depreciativo ao islã.

"Bagdá é muito diferente de Mosul", disse um cristão iraquiano. A violência contra os cristãos em Mosul "não é por dinheiro, é mais política".

Mosul, a antiga cidade de Nínive, localiza-se no sul na planície de Nínive onde vive a maior parte da população cristã do Iraque. Os cristãos iraquianos começaram a debater a criação de uma região autônoma para as minorias religiosas na planície, já que a violência em Bagdá e em Mosul tem levado dezenas de milhares de cristãos a fugir de suas casas no sul.

"Estamos à margem do mundo", disse um padre de Bagdá quando foi questionado como os cristãos poderiam orar pela igreja no Iraque. "Esperamos que o Natal possa trazer algo novo".

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