Portas Abertas • 10 jan 2007
De 10 a 19 de janeiro, publicaremos em nosso site um resumo das notícias que marcaram 2006. Serão 10 dias, cada um com o foco em um país diferente. Hoje começaremos com o Irã. O ano de 2006 foi marcado pela opressão do governo aos ex-muçulmanos, em uma tentativa de barrar o crescimento da igreja doméstica no país.
Trabalhando em silêncio, longe do centro das atenções da mídia internacional, as autoridades iranianas continuaram a promessa do presidente Mahmoud Ahmadinejad, feita em novembro de 2005, de "parar o cristianismo nesse país".
O Irã despontou em 2006 com uma onda de prisões que atingiu os líderes cristãos - parte da campanha do governo para conter a explosão de igrejas domésticas nesse país de maioria muçulmana xiita.
Quando Issa Motamedi Mojdehi foi preso em 24 de junho, as autoridades disseram ao ex-muçulmano que ele deveria renunciar o cristianismo, senão enfrentaria anos na prisão e uma possível execução por "apostasia". Issa foi acusado a princípio de tráfico de drogas, e sofreu fortes pressões psicológicas. Ameaçaram matar sua família e seus amigos cristãos, enquanto agentes do serviço secreto e um professor de teologia islâmica insistiam que ele deveria negar sua fé. Ele se recusou e, em 24 de agosto, as autoridades o libertaram "por um momento", mas não antes de um juiz da cidade de Rasht ter uma nova acusação. Ele acusou Martha, a filha de Issa de 8 anos de idade, de tentar levar outras crianças a Cristo. A polícia de Rasht também fechou a loja de outro cristão da igreja de Issa. Impedir os ex-muçulmanos de trabalhar começou a ser uma tática comum do governo, tentado força-los a deixar o país.
Em uma cidade do sul, a polícia agrediu duas jovens cristãs em suas casas, detendo uma por diversos dias. Depois de ser libertada, ela recebia ameaças de ser presa novamente, e de ter os membros de sua família presos também. Em setembro, a polícia secreta iraniana prendeu um casal cristão na cidade de Mashhad, forçando-os a deixar para trás sua filha de 6 anos. As autoridades libertaram Reza Montazami, 35 anos, e sua esposa Fereshteh Dibaj, 28 anos, por ordem de um Tribunal Revolucionário em Mashhad. Mas, foi preciso que os pais de Reza pagassem primeiro a fiança do casal: eles entregaram à justiça a escritura de uma propriedade no valor de 25 mil dólares.
Em dezembro, a polícia secreta iraniana invadiu a casa de líderes de um movimento nacional de igrejas domésticas e os deteve nas cidades de Teerã, Karaj, Rasht e Bandar-i Anzali. Diversos cristãos detidos foram libertados logo, mas quatro permaneceram sob custódia até o Natal, sendo acusados de realizar "atividades de evangelização" e "atos contra a segurança nacional do Irã".
Mesmo o progresso de casos na justiça foi modificado pela repressão. Hamid Pourmand, a quem um tribunal militar em Teerã considerou culpado de enganar o exército iraniano escondendo a sua conversão ao cristianismo, foi libertado em 20 de julho. Mas, ele recebeu a ordem de não participar de cultos em igrejas, o que poderia fazer com que ele voltasse à prisão para completar os 14 meses que ainda restam de sua sentença de três anos.
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