Portas Abertas • 24 mai 2007
O governo uzbeque quer aumentar seu controle sobre os grupos religiosos independentes, incluindo os islâmicos, para evitar qualquer tipo de atividade missionária. Essa notícia foi dada pela agência Forum 18, citando um documento de três páginas de um governo local. O objetivo é estender à religião o governo nos moldes da era soviética.
O documento menciona que essa decisão foi tomada em uma reunião de altos cargos do governo em abril. Ele também detalha, entre outras coisas, diretrizes para representantes regionais da Administração Espiritual de Muçulmanos (a organização religiosa islâmica local) e para o Comitê de Assuntos Religiosos central. Essas diretrizes ordenam tais órgãos a "acompanhar de perto todas as organização religiosas registradas" e a aumentar o controle em cidades e vizinhanças "que perverteram o verdadeiro islamismo" ou que estejam engajadas em atividades religiosas ilegais.
Na prática, escreve o Forum 18, o documento quer que organizações islâmicas oficiais cooperem com o governo e com a polícia para pressionar "a atuação de muçulmanosindependentes fora do seu sistema". Ele exige que imames falem contra "extremismo, terrorismo e perversões do verdadeiro islamismo".
Os comitês distritais já estão trabalhando com a polícia para exterminar todos os tipos de atividades religiosas ilegais. Bastante independentes, tais comitês são, na verdade, ferramentas que permitem as autoridades a controlar todas as atividades sociais.
Um bom exemplo foi o julgamento do pastor protestante Dmitry Shestakov, quando funcionários de um desses comitês declararam que ele liderava um grupo religioso ilegal e esteja engajado em atividade missionária. A presença e depoimento desses funcionários na corte são uma clara prova de que eles conheciam de perto as atividades do pastor.
O tal documento não se limita a diretrizes gerais, mas dá também instruções detalhadas. Ele diz, por exemplo, ao pastor R. Jalilov, da Igreja do Evangelho Pleno, a traçar um plano com o líder do Comitê de Assuntos Religiosos de Andijan, N. Mamajanov, que deve conter "medidas concretas para evitar ações missionária na região".
Isso mostra a intenção do governo uzbeque de dominar plenamente a religião, a despeito do artigo 61 da Constituição uzbeque, o qual declara: "Organizações e associações religiosas são separadas do Estado e iguais perante a lei. O Estado não interfere nas atividades das associações religiosas".
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