Portas Abertas • 20 jun 2007
A Portas Abertas continua a monitorar a situação no Zimbábue, país que não está entre os 50 mais intolerantes ao cristianismo, mas que também necessita das suas orações.
Em meio à incerteza política do Zimbábue, a Igreja local continua a funcionar abertamente. Até recentemente, estava distante da arena política, mas isso começa a mudar.
Antes das últimas eleições, o presidente Robert Mugabe chegou a convocar a Igreja para fazer um protesto público contra o aumento dos preços dos alimentos, em reconhecimento à influência dela sobre as pessoas.
Depois disso, correram boatos de que terras de fazendeiros brancos foram confiscadas e distribuídas a líderes da Igreja. Apesar de negados, esses rumores causaram muita tensão.
A maioria dos pastores e padres cristãos tem enfrentado a grave situação econômica do país ajudando em silêncio os pobres e as comunidades carentes, mas essa situação está mudando.
"Mais e mais clérigos estão rompendo o silêncio enquanto o país desmorona, em conseqüência do péssimo governo", disse Sarah Dlodlo (pseudônimo).
Muitos zimbabuenses estão vendo na Igreja uma chance para se levantarem politicamente. Enquanto isso, elas e outros grupos cristãos enfrentam duras conseqüências.
Um dos grupos é a Aliança Cristã do Zimbábue organizada a partir da "pressão de cristãos que se desiludiram com o silêncio da Igreja na questão dos direitos humanos e abusos praticados pelo governo, forças de segurança e milícias".
Em janeiro de 2007, a Aliança Cristã se reuniu em Kadoma para lançar uma filial da organização. Líderes de diversas denominações da Igreja participaram.
Em uma forte mensagem de desagravo do governo para a Igreja, a polícia prendeu oito líderes da Aliança Cristã na frente das 400 pessoas que estavam presentes.
No dia 11 de março, uma ação policial matou um homem a tiros e prendeu um líder da oposição, Morgan Tsvangirai, em uma cruzada de oração. Um outro membro do grupo foi preso, espancado e teve negada a permissão para receber tratamento médico.
O catolicismo é a religião predominante do país e é praticada pelo presidente Robert Mugabe. Apesar disso, ele tem acusado os bispos católicos de intervenção política.
Em entrevista ao jornal inglês "New African", ele disse: "Uma vez que os bispos se levantem politicamente, nós os olharemos não mais por sua relação espiritual e sim como nossos rivais políticos, o que pode ser um tanto perigoso para eles".
Manifesto dos oprimidos
Durante a Páscoa, bispos católicos publicaram uma carta intitulada "Deus ouve o choro dos oprimidos", onde comparava a situação dos zimbabuenses com a opressão bíblica dos escravos judeus sobre o reinado do Faraó egípcio.
A carta foi traduzida do inglês para as línguas locais shona e ndebele, e foi distribuída entre as comunidades rurais, onde predomina o partido da União Nacional Africana pelo Zimbábue (ZANU-PF, sigla em inglês).
Algumas milícias tentaram impedir a distribuição das cartas. Depois disso, membros de diversas igrejas começaram a ser ameaçados.
Um padre contou que sua casa foi cercada por jovens e incendiada. Ele conseguiu escapar, mas torceu o tornozelo durante a fuga.
A Igreja respondeu como outro comunicado: "Nós encorajamos todos os zimbabuenses a lerem a carta pastoral como um guia para entenderem a fonte do sofrimento e para que se inspirem em orações e ações".
O texto ainda conclama um levante: "Convocamos cada cristão individualmente e as organizações a se comprometerem com a verdade da Palavra de Deus sobre essa situação porque só a verdade liberta".
Organizações como a Comissão Católica por Justiça e Paz, o Movimento Estudantil de Cristãos no Zimbábue, a Conferência Nacional de Pastores e a Aliança Cristã têm chamado atenção da opinião pública para os abusos praticados.
No início do ano uma reunião realizada por elas em Harare foi interrompida e diversos participantes foram presos.
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