Portas Abertas • 24 jul 2007
O sacerdote italiano Giancarlo Bossi, seqüestrado no dia 10 de junho no sudeste das Filipinas, foi libertado na última quinta-feira, anunciou o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, após 39 dias no cativeiro.
"Nunca perdi a tranqüilidade e agradeço verdadeiramente ao Senhor que me manteve sereno e tranqüilo frente a tudo o que estava acontecendo", afirmou ele em entrevista concedida à Rádio Vaticano.
"Estou bem. Perdi um pouco de peso, mas pelo resto tudo está bem. Foi uma experiência que não desejo a ninguém porque é muito dura. Por outro lado, estou compreendendo pouco a pouco o que tantas coisas ensinam. Acredito que terei tempo nestes meses para refletir sobre tudo isto que passou", explicou.
"Graças ao céu nunca me senti desalentado, graças a experiência do padre Benedetto, seqüestrado e em seguida solto, e a do padre Giuseppe Pierantoni, também seqüestrado e em seguida libertado. Por isso, meu coração estava em paz e me dizia: ‘Eu também serei liberado um dia’", contou o sacerdote.
Um só Deus
Ao comentar sobre as conversas que tinha com seus seqüestradores enquanto o tiveram capturado, o presbítero disse que eles "rezavam e eu rezava”.
“Uma das perguntas que eles e eu mesmo me fazia era: ‘Estamos rezando ao mesmo Deus ou é um Deus distinto, dado que vocês rezam com o fuzil à direita e comigo seqüestrado à esquerda? É o mesmo Deus quem quer todas estas coisas ou que coisas?’ Algumas pergunta ainda estão dentro de mim e devo aprofundar em todo o sentido que têm".
"Eles queriam dinheiro para comprar armas. O motivo para me seqüestrar é que eu sou italiano, portanto, não sendo filipino, o governo teria que procurar minha libertação de todos os modos", indicou o sacerdote missionário ao referir-se às razões do seqüestro (leia mais).
Aprendizado
Giancarlo Bossi também agradeceu "a toda esta gente que rezou por mim”. “Uma das coisas desta experiência é que no tempo que tinha livre, que era abundante, pensava em minha vida, em todas as pessoas que encontrei alguma vez, nos rostos de meus amigos, dos que estão vivos e também dos que já partiram. Acredito que isto era muito belo".
"Esta experiência me tem feito entender que estamos ainda muito longe de nos reconhecer como irmãos. Espero e acredito que chegará o dia em que reconheceremos juntos que somos todos filhos do mesmo Pai que é Deus, e que somos portanto irmãos e irmãs", concluiu o sacerdote.
Oração de muitos
O Superior Geral do Pontifício Instituto Missionário Estere (PIME), padre Giambattista Zanchi, agradeceu "ao Senhor porque escutou a oração de muitos cristãos e não cristãos. Durante este tempo, tivemos momentos de viva preocupação".
"Ante estas experiências –e já as tivemos em outros países, também em guerra – todos nos dizem que é próprio dos missionários que querem ficar, que não querem voltar inclusive quando são convidados a deixar seu posto porque pode ser arriscado", explicou.